Do município baiano de Coração de Maria, localizado a 100 quilômetros de Salvador, já saíram médicos, advogados, professores e muitas outras pessoas bem sucedidas, mas para a cidade alcançar o patamar de uma educação satisfatória, importantes intervenções precisaram ser feitas por moradores da região. A professora Beatriz Daltro, hoje com 72 anos, foi uma das educadoras que dedicou a vida para a transformação do ensino.
Quando o assunto é educação, a pró Beatriz ocupa um papel de destaque no município. Muitos dos professores que dão aula nas escolas públicas e particulares de Coração de Maria foram alunos dela. Frederico Marques é um deles. Hoje ele ensina física na Escola Estadual Dom Pedro II, e muito do que aprendeu deve ao incentivo da professora. “Escolhi ser professor para minha vida. Ela, com certeza, contribuiu com isso. Gosto de lecionar e sei que alguns alunos marcam a nossa história como educador. Gostei tanto de estudar com a professora Beatriz que minha filha de sete anos é aluna no Sagrado Coração de Jesus, uma escola que eu fui aluno no passado”, conta Frederico.
O protagonismo assumido pela professora Beatriz ultrapassa as barreiras do ensino tradicional. A sintonia entre ela e muitos alunos é estreita a ponto de se confundir com uma relação de mãe e filho. “Tenho os meus alunos como meus filhos. Digo sempre para eles, sou professora, amiga, mãe e dona da escola. Eles podem contar comigo para qualquer coisa”, destaca.
E não é a apenas carinho o que os mais novos sentem pela professora, já aposentada. Dos adultos aos mais jovens, ter assistido aulas, ou, recebido orientações e incentivos da educadora é motivo de orgulho e gratidão. “É um prazer para a gente dizer que estudou lá [na Escola Sagrado Coração de Jesus]. A honra é toda de nós alunos, por termos ela como professora. Ainda hoje onde a gente chega é uma satisfação enorme dizer: ‘aquela ali foi minha professora. Ela participou da minha vida durante os estudos’ “, afirma o estudante Gabriel Miranda.
Em Coração de Maria, quando o acesso à educação era privilégio de poucos, a professora democratizou o bom ensino e ajudou a construir o caráter de uma geração. Hoje empresária, Edna Brandão reconhece o valor do conhecimento adquirido na época de escola. “Todas as pessoas que por aqui passaram sabem da importância que pró Beatriz teve na vida de cada um. Hoje eu sou o que sou agradeço a ela, porque ela foi a base. Sem base não somos nada. A educação deve ser sempre prioridade”, ressalta a empresária, Edna Brandão, ex-aluna da professora Beatriz.
Reconhecimento
Assim como a professora Beatriz Daltro, outras educadoras dedicam a vida para fortalecer a educação no estado da Bahia. Empenhado em garantir a melhoria do ensino público estadual, o Governo do Estado reconhece o valor desses profissionais, investindo em melhorias na condição de trabalho e capacitação.
Somente em 2016, o Instituto AnísioTeixeira formou mais de 8,6 mil professores em cursos de formação inicial e continuada, que também foi promovida para docentes de Língua Portuguesa e de Matemática através do Projeto Gestar na Escola. Na Bahia, o programa está presente em 300 escolas estaduais de 190 municípios, beneficiando aproximadamente 221 mil estudantes.
Piso salarial
Professores e coordenadores do magistério da rede estadual de ensino passaram a receber salários compatíveis com o piso salarial de suas carreiras. O pagamento da diferença salarial é retroativo a abril deste ano e terá um impacto na folha estadual de R$ 263,6 milhões, divididos entre os anos de 2016 e 2017.
A carreira dos docentes foi reestruturada pelo Governo do Estado para garantir o cumprimento do Piso Nacional da Educação. A Lei 13.569, que promove as mudanças necessárias a esta equiparação salarial, foi sancionada em 18 de agosto deste ano, pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), e contempla mais de 30 mil servidores, entre ativos e inativos.Pela lei, o ajuste concedido pela Bahia na remuneração inicial da carreira do magistério agora passa a ser de R$ 2.145,36, valor pouco acima do piso nacional da categoria, que é de R$ 2.135.
Universidades
O crescimento expressivo das promoções e progressões, a revogação da Lei 7.176/97 e a sanção da Lei 13.376/15 são algumas das recentes conquistas obtidas pelas quatro universidades estaduais (Uneb, Uesc, Uefs e Uesb). Paralelamente, o Governo do Estado vem garantindo o orçamento dessas instituições em sua integralidade, sem contingenciamento.
Para este ano, o orçamento – cuja gestão é feita pelas próprias instituições – é de 1,26 bilhão em investimento, custeio e gastos com folha de pessoal. E se configura 5,6% maior que o de 2015 e 16% maior que o de 2014. Além do constante crescimento no volume de recursos destinados à educação superior, as universidades não foram incluídas no contingenciamento anunciado pelo Governo em fevereiro deste ano.
Para se ter uma dimensão do tamanho do orçamento das universidades, o orçamento previsto para toda a rede de educação básica do Estado, que engloba 42 mil professores e mais de 916 mil estudantes matriculados, é de R$ 3,7 bilhões. Enquanto isso, as quatro universidades estaduais têm, juntas, orçamento de 1,26 bilhão, o que corresponde a quase 1/3 do orçamento da rede básica, e concentram 4.628 professores e 42.270 estudantes.