Quando somos ofendidos, menosprezados, xingados, caluniados, agredidos ou pior ainda, alguém que amamos é assassinado, é normal sentirmos raiva, ódio e sermos tomados por um sentimento de vingança. Os sentimentos são normais, mas, o perdão não pode depender de nossos sentimentos. Ele deve ser racional. Nesses momentos difíceis devemos aprender a usar a razão e a fé.
Conheço uma viúva que perdoou a pessoa que matou seu marido. Conheço, também, um casal que perdoou um jovem que matou um de seus filhos. Nos dois casos o perdão não foi dado da noite para o dia. Veio com o tempo, com a oração, fé, paciência e com a superação dos sentimentos de vingança.
Nossos sentimentos são instintivos. Num primeiro momento, nem sempre temos controle sobre eles. Aliás, não temos noção de que estamos agindo sob o impulso de nossas emoções. Não é fácil, mas precisamos parar, respirar, acalmar nossos ânimos, rezar e pensar muito bem como vamos agir mesmo estando sob muita pressão emocional. Assim, o perdão virá com o tempo. Pode demorar um pouco, mas, com a graça de Deus, virá.
Às vezes, quando estamos com alguma infecção, precisamos tomar um antibiótico. Se o tratamento for feito corretamente, a infecção desaparece. Analogicamente, devemos fazer o mesmo com o perdão. É necessário perdoar a cada momento, a cada dia, com doses de serenidade e paz, mesmo que a dor continue. Depois de um tempo, você percebe que não odeia tanto aquela pessoa, que a raiva está perdendo a força e o sentimento de vingança nem existe mais.
O Perdão é, sem dúvida alguma, a cura de muitos males em nossa vida. Uma vez superado o momento difícil, perdoando a pessoa que nos ofendeu e pedindo perdão a Deus, podemos alcançar até mesmo a cura de alguma doença causada pela raiva, pelo ódio, pelo sentimento de vingança que sentíamos. A ciência já provou essa verdade nos últimos anos. Acredite, o perdão é um santo remédio para prevenir e curar muitas doenças e outros males de nossa vida.
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito de Feira de Santana