Nos últimos dias não encontrava nada interessante que eu achasse valer a pena compartilhar com o leitor. Pairava um vazio de idéias. (…) Tentava escrever sobre “tudo”, e acabava dando em “nada”. Não consigo escrever ou fazer nada sob pressão, a não ser jogar futebol.
Resolvi seguir o conselho de um amigo: “escreva e faça algo somente quando sentir vontade”. Então, essa semana postei uma fotografia de alguns livros em minha rede social, ansiando por comentários sobre aquelas obras, mas para minha surpresa não houve sequer um esboço.
Atualmente a atenção das pessoas parece voltada para outros temas, e a literatura tem ficado em segundo plano. Em tempos de exposição e fotoshop excessivo, o valor do livro tem se deteriorado cada vez mais. É triste pensar que uma ferramenta que já foi tão usual está em descrédito. Talvez não tenhamos descoberto a relevância literária por falta de incentivo, o qual deveria partir primeiramente dos nossos governantes.
Precisamos de uma urgente reforma no sistema educacional, onde um dos focos principais deveria ser o incentivo à literatura. Mas será que seria interessante para nossos governantes formarem cidadãos capazes de entender, questionar e cobrar sobre seus atos? Não seria mais fácil manipular uma população ignorante? Imagino que essa linha de raciocínio seja o maior empecilho para a priorização da literatura. E por que priorizamos o que não é prioridade? Em meio ao caos político econômico, ainda priorizamos o futebol. Seria o futebol nosso refúgio? Somos apenas o país do futebol? Prefiro acreditar que não.
Mas tenho a leve sensação que enveredamos para ser uma nação monotemática, limitando-se ao fanatismo futebolístico. Acredito que o futebol é um grande agente de integração de jovens na sociedade, mas, não podemos nos limitar simplesmente a isso.
Wallace Reis é jogador do Grêmio de Porto Alegre