De há muito se denuncia a perversão do verdadeiro espírito natalino. Mas não se pode negar a realidade: o Natal movimenta a economia. E em tempos de crise, não se deve desperdiçar nenhuma chance de se fazer negócios.
Conquanto não concorde com toda essa mercantilização, mas rendendo-me a realidade e inspirado na escola econômica nazarena, sugiro itens de compras: a briga pelo desenvolvimento sustentável, a causa da paz e a bandeira da ética na política. Em obediência ao Código de Defesa do Consumidor, apresento as qualidades de cada um daqueles produtos.
O desenvolvimento sustentável, ao conciliar crescimento econômico e respeito ao meio ambiente, reverte à lógica atual onde o lucro do investimento é apropriado pelo empreendedor, ao passo que a sociedade suporta os malefícios dos seus impactos ambientais, tendo, no mais das vezes, que bancar sua restauração, que quase nunca é plena.
A paz é um pouco mais complexa. Num primeiro momento ela é recessiva, afinal a indústria bélica é uma das que mais movimentam recursos no mundo. Entretanto, todo o seu capital será redirecionado para a indústria civil, pois será necessário reconstruir a infra-estrutura dos Países conflagrados.
O fim dos conflitos implicará no desaparecimento da figura do refugiado. Consequência disto é todo um esforço para levá-los de volta a suas Terras de origem. Muito além de um boom para o setor de transporte, este novo êxodo desencadeará diversas alterações econômicas e políticas.
O primeiro impacto é a diminuição da precarização do trabalho nos Países que receberam (não necessariamente acolheram) os refugiados. A restauração do equilíbrio entre oferta e demanda de mão-de-obra impactará na crise porque passam diversas daquelas Nações. No plano político, isto significará a perda de espaço para os xenófobos.
De volta a Terra donde a guerra os expulsou, os ex-refugiados já não serão párias da sociedade. Havendo políticas adequadas para recepcioná-los, serão eles inseridos no mercado produtivo, reconstruindo suas vidas, reaquecendo os respectivos mercados de consumo.
A Ética na política repercute na economia, pois acaba com os sobrepesos, donde se alimenta a corrupção. Com o barateamento das obras, sobram recursos para as áreas sociais. Isto significa um reforço de caixa para as políticas públicas.
Com desenvolvimento sustentável e o fim das guerras e da corrupção, teremos enfim um ambiente propício para levarmos a cabo o compromisso pela diminuição das desigualdades sociais. Este compromisso tem suas bases em diversos postulados da escola econômica de Nazaré, sintetizados no mais importante deles: amarmos uns aos outros como o seu maior teórico nos amor.
Garanto que Jesus não vai se zangar por ter sido esquecido. Tenho certeza que ele não será mesquinho cobrando de volta as moedas que nos antecipara para essas compras: fé, coragem e fraternidade.
Feliz natal e um feliz ano novo.
MARIOLIMA
ADVOGADO E PROCURADOR DO ESTADO DA BAHIA