Estamos chegando ao final demais um ano. É mais um ano que passa a ser registrado na história de nossa vida. Passam as flores com seus perfumes. Passam os ventos e as tempestades. Passa o sofrimento com suas amarguras. Passam as alegrias, os enganos a decepções. Tudo passa neste mundo, somente o bem que fazemos permanece.
Diante disso surge a pergunta: como estou ocupando o tempo? O tempo é abstrato e concreto. Falamos de perder tempo, ganhar tempo, recuperar o tempo perdido, passar o tempo, avaliar quanto tempo ainda temos. É algo bem concreto e nós o manejamos todo dia. Mas também é abstrato, invisível. Todos sabemos o que é o tempo, mas não sabemos explicar quando nos interrogam.
Concreto ou abstrato, o homem, desde o tempo das cavernas, tentou medir e calcular o tempo. Há, pelo menos, 3.500 anos, surgiu o relógio do sol. Depois, o relógio de areia – conhecido por ampulheta. Por volta de 1504, um certo Peter Henlein fabricou o primeiro relógio de bolso. O relógio de pulso é recente – 1904 – obra de Louis Cartier. A última palavra é o relógio atômico – 1956 – que atrasa poucos segundos a cada 100.000 anos.
Medimos, mas não dominamos o tempo. Passado, presente e futuro – ontem, hoje e amanhã – são maneira de situar nossos gestos. Os teólogos falam do tempo como o espaço do amor de Deus. Todas as horas, todos os dias são iguais. Depende como nós os ocupamos. O imperador-filósofo, Marco Aurélio costumava dizer “Perdi o dia”, quando não tivesse feito uma boa obra.
Na realidade, todos nós temos muito tempo. O que acontece é a má distribuição de nosso tempo. O dia tem 24 horas, a semana sete dias, ou se quisermos, 168 horas. Em cada dia transcorrem 1.440 minutos ou 86.400 segundos. Este é o tempo que Deus nos concede. A distribuição fica por nossa conta. É sempre interessante analisar como gastamos nosso tempo.
O TMPO é um presente de Deus. Ele o concede para nosso amadurecimento humano e espiritual. Por vezes deixamos que preciosos minutos sejam perdidos. É com reais que formamos um milhão, é com minutos que se forma uma hora, e igualmente com eles que estamos construindo nossa eternidade. A misericórdia de Deus é infinita, mas o tempo é limitado. Uma hora, um dia, podem fazer a diferença.
+ Itamar Vian – Arcebispo Emérito