A comoção mundial foi algo comovente. Diversos clubes se uniram e reverenciaram todas as vítimas em uníssono, o silêncio. O futebol tem essa magia de nos fazer íntimos daqueles caras que estão toda quarta e domingo ao alcance do controle remoto. Temos a sensação que são nossos parceiros de “pelada ou baba”(como se fala na Bahia). Repentinamente não estão mais entre nós por uma fatalidade ou imprudência (cada um julgue como queira).
Passei por situações tensas ao longo desses 12 anos de carreira, como longas viagens em situações inadequadas e turbulentas. Mesmo sabendo que avião é o meio de transporte mais seguro, vivemos esse perigo iminente para realizar o sonho dos torcedores, e também o nosso.
Porém, com o passar dos dias, toda sensibilidade humana parece se esvair junto com os que se foram. Então, os comentários de heroísmo cessam, e a depreciação no mundo virtual volta a sua normalidade. Quantas coisas trágicas escrevíamos sobre aquele que se foram, e os que ainda continuam aqui…
Nossa hipocrisia ultrapassa a racionalidade? Ou nossas emoções só se afloram após tragédias? Que sentimento triste nos afligiu durante todos esses dias… Perdi alguns grandes amigos. Entre eles, Arthur Maia, Cleber Santana e Marcelo (para os íntimos, Cordeiro). Qualquer tragédia dói, mas quando perdemos amigos íntimos, a sangria é maior.
Poucas pessoas os conheciam fora das quatro linhas, e eu tive o previlégio em estar ao lado de alguns deles, e desfrutar momentos inesquecíveis. Estar “sem palavras” é muito pouco pra falar de vocês, meus amigos. Meu coração está em prantos, mas a lembrança que guardo de cada um será eterna, e isso é o que me conforta. A única certeza que temos “hoje”, é que o “amanhã” não nos pertence. Que aprendamos a valorizar cada dia de nossas vidas como se fosse o último, e que possamos demonstrar mais nossos sentimentos às pessoas que amamos,enquanto elas estão aqui entre nós. Que Deus conforte todos os amigos e familiares.