O governador do Amazonas, José Melo (PROS), exonerou o diretor-interino do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, José Carvalho da Silva, na segunda-feira. Carvalho foi acusado por dois presos de receber dinheiro da facção Família do Norte (FDN) para facilitar a entrada de drogas, armas e celulares no presídio, no qual 56 detentos morreram na madrugada do dia 1º de janeiro em ação da FDN.
A acusação contra Carvalho foi feita em uma carta escrita por dois presos mortos no massacre — Gezildo Nunes da Silva, que respondia pelo crime de roubo, e Alcinei Gomes da Silveira, preso sob acusação de homicídio. No documento, eles relataram que eram ameaçados pelo sub-diretor “Carvalho” e pelo “Wink, do GSI”, cuja identidade ainda não foi divulgada. A carta foi escrita no dia 10 de dezembro (leia a íntegra abaixo).
“Estão diariamente fazendo ameaças da questão de nos tirar de onde estamos hoje, guarda volume seguro 2. Nós internos conseguimos uma medida cautelar de segurança, pois corremos risco de morte”, escreveram os presos.
Ainda segundo o documento, era a segunda vez que os presos faziam a denúncia, sem, no entanto, obter resposta. Eles também destacaram que o diretor recebia dinheiro da FDN.
“É a segunda vez que faço essa denúncia e não ouve resposta (sic), pois os mesmos estão recebendo dinheiro da facção FDN […] Os mesmos querem me tirar de onde estou desobedecendo a ordem judicial”, denunciava a carta.
Em nota, a secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que uma sindicância foi aberta na última quinta-feira para averiguar o suposto envolvimento do diretor-interino do Compaj nas acusações dos presos. O órgão afirmou que José Carvalho da Silva assmiu o cargo no dia 28 de dezembro, três dias antes do massacre, após a saída de Ilson Vieira Ruiz. Antes, Carvalho ocupava o posto de diretor-adjunto da unidade.
O Globo