As chacinas registradas nos primeiros dias do ano em penitenciárias brasileiras e a onda de violência que se instalou na região Norte por conta das disputas entre facções pelo controle do tráfico de drogas escancarou a crise carcerária no país. O debate sobre a situação causou algumas polêmicas. A mais recente delas vem do Rio Grande do Norte. Para o secretário de Justiça e Cidadania do estado, Wallber Virgolino, os criminosos precisam se sentir criminosos dentro das cadeias.
“Presídio não é hotel e preso não é hóspede. O criminoso tem que se sentir criminoso”, disse ele ao jornal O Globo, ao exigir regras mais rígidas de comportamento, sem benefícios como ventiladores e televisões. Ele criticou ainda os acordos tácitos das direções dos presídios para evitar rebeliões.
“Alguns estados fazem um acordo tácito com os presos. Tu fica quietinho e eu deixo entrar tudo pra tu. (…) O Estado recua, fica com medo do preso, e começa a aceitar de forma involuntária tudo do preso, para ele não bagunçar, não matar ninguém, não fazer rebelião”, disse.
“A gente tem que encarar o preso como preso. Se a educação pecou, se os programas sociais pecaram, não é problema nosso. Estamos lá para custodiar”, continuou. Questionado sobre as instalações das penitenciárias, ele afirmou que se parecem mais com hotéis e afirmou que está mudando essa ‘realidade’ no Rio Grande do Norte.
“É um hotel, sabe por quê? Se você pegar a maioria dos presídios do Brasil vai encontrar televisão, frigobar, ar-condicionado. Isso não é um hotel, não? Mesmo assim. Aqui os doutrinadores comparam o sistema penitenciário com calabouço, mas o calabouço não tem ar-condicionado, não tem televisão, não tem ventilador, não tem ferro de engomar, frigobar, churrasqueira. No Rio Grande do Norte, estou tirando tudo isso. Estou tirando ventilador, tudo, para o preso sentir. Se não, vai achar que pode tudo”, afirmou.
Na manhã desta terça-feira (10), homens da Força Nacional começaram a chegar a Manuas para reforçar a segurança nas penitenciárias e ajudar a recapturar fugitivos. O reforço faz parte do plano de auxílio do governo para os estados. Além do Amazonas, Roraima, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins também pediram o apoio.
O Globo