Com investimento superior a R$ 40 milhões entre obras e equipamentos, o governador Rui Costa inaugurou o Hospital da Mulher – Maria Luzia Costa dos Santos, localizado no Largo de Roma, em Salvador, na tarde desta segunda-feira (9). Depois de passar por procedimentos de higienização e treinamento de equipes, desta terça (10) a quinta (12), o Hospital da Mulher inicia o atendimento ambulatorial na sexta-feira (13). Na próxima segunda (16), começa a receber pacientes, mesmo dia de abertura da urgência e emergência ginecológicas.
Este é o maior hospital especializado no atendimento à saúde da mulher do Norte-Nordeste e considerado um centro de referência estadual. A unidade possui dez salas cirúrgicas e 136 leitos, sendo 97 destinados à internação, 10 para terapia intensiva (UTI) e 29 leitos para hospital-dia. O centro de diagnóstico está equipado com tomógrafo computadorizado, mamógrafo, ultrassom, doppler scan, raio-X e laboratório 24 horas. O hospital tem capacidade para realizar 9 mil consultas e mil procedimentos cirúrgicos mensais.
O Hospital da Mulher prestará assistência nas áreas de ginecologia e mastologia, além do atendimento na área de reprodução humana, oncologia e situações relacionadas à violência sexual. A unidade também dispõe de um serviço de urgência e emergência ginecológica, com funcionamento 24 horas. Por mês, o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde (Sesab), investirá cerca de R$ 4 milhões na manutenção do hospital, que será gerido por uma organização social.
Novidades
Uma das novidades no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia é o serviço de média complexidade em reprodução humana assistida. O objetivo é atender mulheres com diagnóstico confirmado de pólipo endometrial, cistos anexiais, endometriose, má formação congênita ou que estejam inférteis há mais de dois anos sem causa definida.
O serviço de alta resolutividade para diagnóstico e tratamento do câncer de mama também é inédito. Mulheres com exames diagnósticos de imagem indicativos de tumor maligno serão submetidas à biópsia no mesmo dia e poderão passar por intervenção cirúrgica imediata na unidade de saúde. Com essa agilidade, pretende-se reduzir o tempo para o início do tratamento e a perda do seguimento dessas mulheres, o que irá permitir menores sequelas e maior sobrevida.
As mulheres também terão acesso ao serviço de planejamento familiar com métodos contraceptivos reversíveis de longa duração, Dispositivo intrauterino (DIU) e laqueadura tubária. O serviço terá como público-alvo, principalmente, mulheres de risco para trombose, hipertensão, cardiopatias, com doença falciforme e/ou em situação de vulnerabilidade social.
Outra novidade é o serviço de atendimento especializado para vítimas de violência sexual. Será ofertado acolhimento aos pacientes que cheguem à unidade por demanda espontânea, através de órgão policial, judicial, ou referenciada pela Central de Urgências do Samu. Serão disponibilizados escuta qualificada, atendimento clínico e cirúrgico, atendimento psicológico, bem como dispensação e administração de medicações para profilaxia nos casos indicados. Haverá ainda orientação e agendamento para acompanhamento psicológico e ginecológico por até seis meses.
Fluxo de atendimento
Como todos os procedimentos são agendados, as mulheres interessadas devem procurar uma Unidade Básica de Saúde em seu município para serem referenciadas para os serviços do Hospital da Mulher. As secretarias municipais são responsáveis por cadastrar as pacientes no sistema de fila única, que concentra a demanda dos 417 municípios e é gerido pelo Governo do Estado. O serviço estará organizado em regime ambulatorial, de hospital-dia e internação hospitalar, em caráter eletivo.
Emprego e tecnologia
O Hospital da Mulher gerou 655 empregos diretos, sendo 463 profissionais da área assistencial como médicos, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, farmacêuticos e fisioterapeutas. A unidade conta também com 192 profissionais de serviços e apoio logístico como maqueiros, recepcionistas, agentes de portaria, higienização, telefonistas, copeiros, auxiliares de almoxarifado, auxiliares de manutenção, engenheiros clínicos e pessoal administrativo.
No quesito tecnologia, a unidade possui equipamentos de última geração. As dez salas cirúrgicas têm itens de ponta, oferecendo maior precisão para profissionais e pacientes. O centro de diagnóstico está equipado com tomógrafo computadorizado, mamógrafo, ultrassom, doppler scan e raio-X. Já o Laboratório de Análises Clínicas funcionará 24 horas, ofertando todos os exames de bioquímica, coprologia, hematologia, hormônios, imunologia, fluidos corporais (incluindo líquor), microbiologia, gasometria (na UTI) e uroanálise.
As mulheres atendidas na unidade também terão à disposição o diagnóstico de Anatomia Patológica, que será utilizado em biópsias do Serviço de Alta Resolução no Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Mama e Colo do Útero e biópsias oriundas de procedimentos cirúrgicos.
O governador Rui Costa disse que o Hospital que estava sendo inaugurado tem o conceito de alta rotatividade, não será para tratamento cronica de longa duração, por isso tem dez salas cirúrgicas, equipados com máquinas de última geração que permite que faça muitas cirurgias,” e a partir das cirurgias, as mulheres poderão seguir seu tratamento por quimio ou rádio, ou algumas delas nem precisarão fazer quimio nem rádio, então aqui será um hospital onde a mulher vai realizar uma cirurgia pela manhã e receberá alta pela tarde e tem também os leitos para os casos de cirurgias mais complexas, onde a paciente vai precisar ficar uns dias internadas”, falou o governador.
O governador se emocionou antes do discurso e falou do sofrimento de sua mãe que morreu em 1995 de câncer de mama.
Biografia da homenageada
Maria Luzia nasceu em Serrinha, mas se mudou na infância para Salvador, depois de perder ambos os pais para a tuberculose. Foi acolhida por um convento de freiras, na Capital, e, anos mais tarde, casou-se com metalúrgico Clóvis Santos.
Conhecida como Dona Luzia, moradora da encosta de São Domingos, no bairro da Liberdade, ali viveu a maior parte de sua vida e criou seus quatro filhos, Rui, Rose, Roberval e Robson.
A saudosa Sra. Maria Luzia era dona de casa, doceira e também fazia faxinas para complementar a renda familiar, mas, nem o trabalho nem os cuidados com a família impediram, que se envolvesse na luta contra a pobreza e a baixa qualidade de vida das pessoas do seu entorno.
Seu objetivo sempre foi buscar transformações sociais no seu bairro, conhecido por ser um dos mais populosos de Salvador e, historicamente, um dos menos contemplados por políticas e obras públicas. Nessa senda, destaca-se a fundação da Associação Comunitária do São Domingos, cuja finalidade era voltada para a luta e melhoria da qualidade de vida da comunidade.
Mesmo sem conseguir atenção dos poderes públicos, colocou seus projetos em prática. Com sua determinação, idealizou e garantiu o funcionamento de uma creche comunitária, envolvendo outros membros da família.
Um deles era o filho, que sempre tirou boas notas na escola e, por isso, ficava responsável por “dar banca” às crianças da comunidade. Conta-se que Dona Luzia chegou a ficar um dia inteiro esperando a oportunidade de falar com o dono de um cursinho para que Rui ganhasse bolsa – e conseguiu!
Isso é reflexo da sua compreensão de que o único caminho para transformar a vida das crianças era através da educação. Foi a lição mais importante que deixou para os filhos, os quais nunca deixou faltar caneta, lápis e cadernos escolares.
Exemplo de amor ao próximo e solidariedade, lutava por uma vida melhor, pela superação da desigualdade social e pela inserção da comunidade carente no mundo das oportunidades, buscando a transformação da realidade local.
Além de guerreira convicta da possibilidade de construir uma sociedade justa e igualitária, a Sra. Maria Luzia era também mãe dedicada e voz incisiva na criação de seus filhos, transmitindo seus valores e formando filhos de notório caráter, também convictos da necessidade de agir por um mundo melhor.
Falecida há 21 anos, em razão de metástese, decorrente de um câncer de mama, Dona Luzia é uma referência para a comunidade da Liberdade e ainda serve de inspiração para todos que tiveram o prazer de conhecê-la.
A descoberta da sua doença não a abateu. Dona Luzia continuou na luta, intensificando seu trabalho na comunidade, difundindo para outras mulheres a necessidade de prevenção contra o câncer, sobretudo, o de mama.
Queremos, então, homenagear a mulher guerreira, que se dedicou firmemente à luta pelas nossas crianças, principalmente, em agradecimento a sua batalha, com muita raça, humildade e determinação, pela superação das injustiças sociais, além de chamar atenção da população feminina para os cuidados específicos com relação à saúde da mulher.
Dessa forma, foi expressão determinante na vida de seu filho Rui Costa.
Redação CN | Secom