Adoro Carnaval, embora não brinque mais e me dedique no período momesco a tomar conta, para o bem geral dos idosos, doentes e inválidos moradores da Graça, Ladeira da Barra e Vitória, a vigiar a Sucom: a colocar ordem na Sucom, a puxar a orelha da Sucom que proíbe, mas permite que os trios que fazem do terreno onde era antigamente o Barracão da Graça e que pertence à família do banqueiro baiano Alexandre Cuinha Guedes, praça de estacionamento – passagem de som. É um inferno minha vida que tenho de atender aos vizinhos de porta e de do enclave, pedindo para que eu solte a porra na Sucom. Custava me ajudar e colocar durante os dias de Carnaval um preposto para dizer ao povo do atabaque, da percussão, da bateria, da guitarra e do baixo que é proibido passagem de som?
Falando sério: minha mulher em situação terminal de um câncer teve de passar o carnaval de 2015 com protetor auricular. Meu vizinho do prédio ao lado, também com problema idêntico teve de passar o Carnaval de 2016 com a mesma situação, o mesmo o enfrentado pela minha vizinha andares abaixo. Imagine o drama! O prefeito ACM Neto que mora longe – embora já tenha pretendido ser meu vizinho no prédio defronte ao meu – não sabe o que iria passar se fosse morar por lá. Aliás, logo no primeiro dia ele iria demitir todo o pessoal da Sucom e expulsar o trio para a zona do Comercio onde ninguém mora e era o local adequado para Trio Elétrico estacionar até a hora de ir para o circuito.
Mas, vamos deixar de lado este tema que falei tanto recentemente na Rádio Metrópole (adoro Luana. Adoro medrado., adoro Tarsila, adoro dona Suerdieck -só me lembra charuto de primeira, adoro os Mateus, adoro Abraão, Maurício, Felipe e pena que sem querer Bocão atropelou o cachorro tarado, acho que era Boris, que eu adorava). Vamos deixar para lá.
Mais, como eu queria dizer e não disse, mas agora digo, embora não vá mais para a farra, acho Carnaval legal demais, mesmo que o Furdunço deste ano tenha sido um e equívoco. Como acho que foi equívoco uma cervejaria sair com o trio batizado de “Pipoco”. Claro que este nome foi criado por um colega publicitário lá do Sul, que tentou fazer um contraponto ao termo “folião pipoca”. Mas, se ele tivesse prestado atenção, se o pessoal do marketing da cervejaria tivesse prestado atenção veria que a expressão “Pipoco” remete a: pipocar que significa – afrouxar, correr da raia, tirar da reta, ter medo, a arma falhar, o tiro sair pela lucatra, ser frouxo. Por sorte do pessoal do marketing, o pessoal que aprovou o nome também não se ligou e para a massa que consome os produtos da cervejaria, tanto faz João como cacete. Mas que é uma droga é.
Mas, vamos deixar de lado esta querela, este ramerame, esta choradeira e lembrar que quando o Carnaval passar, este ano, a rebordosa será pior. Como é que teremos um ministro do Superemo que, dizem, é plagiador, teve de forma indireta ligação com o PCC. Que saiu na barca de putaria do Planalto Central a Champagne, comemorando, bebendo, se justificando e pedindo voto dos senadores no Lago Paranoá; que deu porrada em estudante e em manifestantes quando secretário de segurança em São Paulo?
E o que falar de Temer que indica para o STF um ministro da Justiça que só fez besteira, só falou besteira, não disse para o que veio? Só nos resta passar o Carnaval, caindo de dia na gandaia e de noite ficar preocupado com o que será do país. Mas, como colírio, falar a verdade, quem viu os nudes da mulher de Temer não consegue dormir em paz. Coisa de louco, com todo respeito à primeira-dama (coisa que dizem foi parar nas mãos de Alexandres Moraes e por isso Temer o indicou para o STF – o que acho teoria conspiratória.
Que venha o Carnaval. Depois dele voltaremos a conversar. E só de sacanagem vou lembrar a você que a conta da luz vem lascando depois da farra. Evoé Momo! E vamos à conta inativa do FGTS para pagar a conta.
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Escritor e jornalista: [email protected]