Como diria Vinícius, acabou nosso carnaval/ ninguém ouve cantar canções… Só que em pleno carnaval quase não se ouviu cantar canções, seja pela má qualidade dos troços que lá apareceram, que não merecem o título de canções, seja também pelo tanto de “fora Temer” que pipocou por todo o Reino Momesco.
Seguramente em algum instante na aprazível Inema, informado do ronco das Ruas, o Presidente pensou um pouquinho no seu Governo. Nem completou um ano e lá se foram 7 ministros, 6 por corrupção. E pra completar, com as delações da turma da Odebrecht, mais gente vai a degola. Ele já nem pode garantir por sua própria cabeça. Ainda tem um TSE na jogada.
Realmente, Presidente, a coisa tá preta. Opa, corrigindo, a coisa tá russa, mas não daquela Rússia com martelo e foice: é coisa russa tipo Putin… Olha, pra não complicar mais o quadro, melindrando etnias e nações, é melhor dizer, tal como os mineirins, que o trem tá fei.
O Governo Temer “é uma história que se complicou” e, tal como Tié, ele sabe o por que. Alguém, por certo, vai lembrar que ACM dizia que Temer tinha cara de mordomo de filme de terror, ele sabe da culpa que carrega nos braços… Só não sei se isto lhe dá um cansaço… Mas, de qualquer sorte (ou azar), é preciso dar satisfação às ruas.
Na feliz metáfora do Jornalista Josias De Souza, o Presidente, em lugar da língua, possui uma fita métrica na cavidade bucal. Só que com esse povo da Lava jato mexendo em tudo, com o pessoal dos subterrâneos amarelando, as coisas tendem a piorar e aí, “palavras não bastam”. E como disse Drumond, brigar com palavras é a luta mais vã.
Eta, já é a segunda vez que falo nos mineiros. Alô Aécio! Alô Fernando Pimentel! Não é provocação, viu. Talvez saudade de Itamar Franco; talvez não, saudade mesmo. Mas, fiquem tranquilos, que vou lhes deixar em paz, porque então teria que falar das gentes de outras Províncias, inclusive da nossa Sé da Bahia e aí termino entupindo o ventilador.
Retornando ao Presidente e sua ressaca carnavalesca, sugiro-lhe desistir de sua retórica acadêmica e adotar uma nova forma de enfrentar esse “fora Temer”. Que fique logo bem claro: não estou querendo uma pontinha no seu Governo. Se o Senhor pensava em me convidar, desista, porque darei a mesma resposta que lhe deu o Ministro Carlos Veloso. Portanto, que fique assim definido que faço-lhe uma sugestão de forma despretensiosa. Aliás, com uma única intenção: que respeitem minha inteligência e a inteligência dos meus patrícios.
A sugestão é a seguinte: a musicoterapia. Muito simples: o Senhor traz Núbia Lafayette (in memoriam é claro) para o Planalto. Convide toda a sua oposição e de viva voz lhes cante a imortal LAMA. Treine bem antes da cantata, pois é preciso boa entonação nestes versos: Se o meu passado foi lama,/ Hoje quem me difama/ Viveu na lama também/ Comendo da mesma comida/ Bebendo da mesma bebida/ Respirando o mesmo ar/.
Sei que em nada o Senhor se assemelha com JK, principalmente em dotes musicais (confesso que não li seus versos). Mesmo assim, não deixe de fazer esta seresta no Planalto: ainda que modesta, ao menos será sincera. Enquanto o seu Governo e sua oposição cantam e desfrutam das regalias palacianas, nós, a plebe, o distinto público pagante, dançamos, afinal; inútil, a gente somos inútil.
MARIO LIMA – ADVOGADO E PROCURADOR DO ESTADO DA BAHIA