Foi aberto oficialmente na noite desta terça-feira, 18, e prossegue até sexta-feira, 21, o V Congresso da Agricultura Familiar promovido pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar – FETRAF – Bahia. O evento acontece no auditório da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS onde reúne trabalhadores e diretores de Sindicatos Rurais de mais de 80 municípios de 17 territórios de identidade da Bahia.
Com o tema “Terra e Produção de Alimentos – Mulheres e Homens dando as mãos”, o Congresso foi aberto com a presença do coordenador geral da CONTRAF/Brasil Marcos Rochinski, coordenador estadual da FETRAF Rosival Leite, secretários estaduais: Jerônimo Rodrigues (Desenvolvimento Rural – SDR) e Carlos Martins (Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social – SIDHDS), Jonas Paulo coordenador executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia (Codes), Rosane Bertotti secretária de Formação da Central Unica dos Trabalhadores – CUT Nacional e Ari Nascimento secretário de Organização e Política Sindical – CUT Nacional e representando a CUT Bahia, Cedro Silva. Elisângela Araújo – Fórum Estadual da Agricultura Familiar – (FEBAPE), Rose Pondé superintendente de Inclusão e Segurança Alimentar (SISA) e assessores dos deputados federais Afonso Florence e Robinson Almeida, ambos do PT.
O coordenador estadual da FETRAF Rosival Leite abriu os trabalhos e afirmou que o V Congresso é atípico, pois, segundo ele é o primeiro ‘depois do golpe’ e os agricultores já tiveram perdas significativas, programas importantes, sobretudo aqueles que lidam com a convivência com a seca, “a exemplo de cisternas de produção, barreiras trincheiras, enfim, questões que envolvem a água para produção, apesar de a gente ter avançado muitos em governos passados, mas agora o agricultor familiar sofre com a desaceleração desse processo. Então há uma preocupação muito grande dos agricultores da Bahia, pois, nunca se perdeu tanto direito, foram 20, 30, 40 anos de muita luta do movimento sindical, movimentos sociais, para conquistar programas e ações importantes e vamos colocar a situação nos debates durante esses três dias, para encontrar uma forma de superar essa dificuldade imposta pelo governo golpista’, afirmou o coordenador.
Ainda de acordo com Rosival, na oportunidade será discutido temas importantes da atual conjuntura política como a PEC 287 – que trata sobre a reforma previdenciária que para ele traz inúmeros retrocessos e a perda de direitos dos trabalhadores além de outras importantes temas de interesse da classe trabalhadora. “A categoria irá definir estratégias para dar continuidade as lutas”, garante Leite.
O paranaense Marcos Rochinski coordena o Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar disse que ficou muito feliz participar do Congresso na Bahia, que segundo ele o estado tem sido um dos mais importantes da Confederação, sempre com lideranças de peso no contexto nacional, bastante ativo na implementação das politicas e na realização de lutas, “obviamente que nesta atual conjuntura as coisas estão bastante diferentes, enquanto nos outros congressos a gente realizava com uma expectativa de uma pauta de reivindicações, e ano a ano vínhamos tendo novas conquistas, melhoria de vida dos agricultores e pessoas quem vivem nos assentamentos rurais, esse ano é uma situação atípica, quando estamos num congresso que ao invés de a gente planejar novos avanços, as lutas que estamos planejando aqui são mais no sentido de preservar o que conquistamos. Estamos convivendo com um governo que vem retirando os direitos e espaços dos trabalhadores, e uma das primeiras medidas do governo Temer foi acabar com o Ministério de Desenvolvimento Agrario, que resultou na diminuição e extinção de politicas públicas que gerava desenvolvimento na área rural e agora uma avalanche de reforma e propostas para retirar direitos”, lamenta Marcos.
O coordenador disse ao Calila Noticias que é muito importante a realização de um congresso como este que FETRAF realiza, pois, só com as manifestações e lutas podem garantir pelo menos continuar preservando o que conquistou.
Jerônimo Rodrigues fez uma avaliação de dificuldade no âmbito geral pela qual o Brasil está passando, e para o povo da Bahia de maneira especial este que participa do Congresso, porque o país passa por crises econômica, política, institucional e por conta da seca dos últimos anos, e que na sua opinião, não é um força local que irá resolver isso. É importante os movimentos se dedicarem, mas tem que ser um movimento conjunto dos municípios, do estado, dos territórios e da União, enfim, tem que ser uma grande mobilização e a Fetraf realizando este congresso serve para refletir o que ele tem controle e o que tem que fazer em termo de reivindicação e de luta, mas acima de tudo desenhar quais são essas ações. Acho que isso é de inteligência da Fetraf passar por uma renovação do quadro, já que vai estar realizando eleição durante o congresso”, disse o secretário.
Quanto as perdas com as mudanças do Governo Temer, Rodrigues disse que é muito ruim, mas classificou a perda da previdência como a pior para o trabalhador, pois foi direito adquirido há 40 anos, “a minha posição é a seguinte: a previdência rural tem que ser uma ação social, o povo rural que trabalha tem tido uma contrapartida na produção de alimento, na condição de meio ambiente, não poder ser vista como a mesma pessoa que tem uma carteira assinada. Numa seca dessa, como é que a pessoa vai poder arrancar dinheiro para poder pagar a contribuição previdenciária? O governo federal precisa observar isto”, concluiu Jerônimo.
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A expectativa é que outros secretários e autoridades de diversos setores marquem presença no decorrer do evento que vem sendo animado por Zicks Musical
A grande maioria de pessoas que participa do Congresso está acampada em dois pavilhões nos fundos do auditório da UEFS onde permanecerá até o fim do Congresso.