A Economia Solidária ainda é possível? A pergunta foi tema de um encontro que reuniu na tarde de quarta-feira, 05, entre lideranças políticas, professores, militantes sociais e representantes de diversos empreendimentos econômicos solidários para debater estratégias de fortalecimento do segmento no contexto ‘do golpe’ que o Brasil vive. A atividade foi promovida pelo Instituto Diversa, com apoio da Unisol/BA, e contou com a participação da deputada Neusa Cadore e da vereadora Marta Rodrigues, ambas do PT.
Na pauta do debate foi citado que, “a partir de 2003, com o governo Lula e posteriormente com Dilma, a economia solidária foi alçada à condição de política pública com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária que tinha o economista Paul Singer como dirigente. Desde então foram investidos mais de 541 milhões de reais na área que geraram renda para cerca de 2,3 milhões de pessoas em todo o país. Desde o ano passado, o segmento vem enfrentando o desmonte das estratégias com a saída de Paul Singer, e o rebaixamento da secretaria, que passou a subsecretaria e agora é dirigida por um escrivão da polícia sem nenhuma experiência na área”.
A deputada Neusa Cadore, relatora da Lei da Economia Solidária na Assembleia, demonstrou a solidariedade ao segmento e ressaltou sua preocupação, principalmente com as mulheres, que formam o maior público da economia solidária e estão sendo as mais atingidas com as mudanças. Neusa lembrou dos diversos projetos do governo Temer, como a PEC 55 que congelou os investimentos sociais, e as propostas de Reforma da Previdência e Trabalhista, que vai gerar ainda mais desigualdades sociais e de gênero. A parlamentar se colocou à disposição para apoiar o grupo e falou da Frente Parlamentar de Economia Solidária que está movimentando na Assembleia para defender as políticas para o setor.
O professor Gabriel Krachete, coordenador do Programa de Pesquisa e Extensão Economia dos Setores Populares e da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da UCSAL, fez uma ampla exposição do tema e afirmou que a maior perversidade de todo o processo é ignorar as diferenças dos trabalhadores, principalmente na agricultura familiar. Ele também apresentou um cenário ameaçador e preocupante, porque com o fim da aposentadoria rural, recurso que movimenta as pequenas cidades, o resultado vai ser a volta da extrema pobreza.