Como forma de chamar atenção da justiça e demonstrar determinação dos amigos e familiares dos jovens Vitor de Oliveira Silva, e Luiz Henrique Matos, mortos a tiros na noite do dia 07 de dezembro, após uma abordagem policial na BA 411, quando seguiam do Distrito de Salgadalia, onde residiam, para a cidade de Conceição do Coité, onde acontecia um show católico de encerramento do novenário da padroeira, fixaram uma grande cruz no provável local onde possa ter ocorrido o crime.
“Após quatro meses do assassinato dos colegas, nada foi resolvido e muito mistério ainda ronda o caso. Nós não iremos nos sossegar até que tudo seja esclarecido e os culpados punidos, até porque os suspeitos deveriam nos proteger e acabaram por matar jovens inocentes”, desabafou uma aluna do Colégio José Ferreira que pediu para não ser identificada.
Esta aluna que disse que era colega de sala de um destes jovens, afirmou que estava na sala de aula ao seu lado fazendo uma prova exatamente no horário que acontecia o assalto que gerou a chamada da viatura até o Distrito. Muito determinada, ela lembrou que a versão dos fatos repassada pela polícia é de que a viatura interceptou os dois jovens que ofereceram resistência à atuação policial, inclusive efetuando disparos contra a guarnição e como forma de se defender, os militares teriam revidado e matando Henrique e Vitor. “Os policiais estavam indo atender chamado em Salgadalia e o roubo não estava acontecendo no local onde Henrique e Vitor foram mortos”, desabafou.
A presença dos alunos e professores do Colégio José Ferreira, além de familiares e amigos das vitimas, chamou atenção de quem passou na manhã de sexta-feira (07) pela rodovia Conceição do Coité/Salgadália e muitos chegaram a parar e incorporar ao movimento onde houve muitas orações e homenagens, além de fincarem uma cruz como marco de busca pela justiça. Com receio de se identificarem, as pessoas que procuraram a redação do CN pediram para não citarem seus nomes.
Os familiares reivindicam por providências das autoridades, pois, segundo elas, sequer têm notícias do processo disciplinar aberto na Corregedoria da Polícia Militar do Estado da Bahia. Sabem também que o inquérito policial ainda não foi terminado. Contudo, a dor e a saudade permanecem enquanto a injustiça, segundo os reivindicantes, impera.
Contudo, a versão dos familiares e amigos é que os adolescentes estavam apenas indo para a festa da padroeira de Conceição do Coité. “Saíram da escola onde estavam auxiliando os professores na confecção dos enfeites natalinos para Coité e foram interceptados pela polícia. Os jovens nunca tiveram maus históricos, sempre foram bons e ajudavam suas famílias. Um deles, inclusive, era participativo dos movimentos sindicais do Sindicato de Trabalhadores Rurais”, afirma a nota.
Segundo informações os jovens não tinham envolvimento com crimes ou organização criminosa, sequer tendo passagem pela polícia. Eles acreditam que os menores foram mortos por engano.
Enquanto o caso não é resolvido à comunidade de Salgadália permanece de luto. Desde aquele dia, nunca mais foi à mesma. A lembrança dos jovens permanece na memória de todos.
Os organizadores deste momento disseram que já pensam em outras atividades como forma de não deixar cair no esquecimento e adiantaram que se continuar sem as informações do processo, vai acampar em frente ao comando geral da polícia no Largo dos Aflitos, em Salvador e marcar presença em todos os atos que o governador Rui Costa estiver na região nordeste do estado portando faixas lembrando “que não haverá sossego enquanto o caso não for esclarecido e os culpados punidos”, falou uma prima de Victor.
Redação CN | Imagens e fotos: familiares e amigos das vitimas