A equipe do CN através do repórter Valdemi de Assis e o fotógrafo Teones Araújo, visitou no fim da tarde de quinta-feira (29), dia de São Pedro, a comunidade de Lagoa Cavada, distante 2,5 km do Distrito de Aroeira, município de Conceição do Coité. O objetivo da viagem foi vivenciar com a comunidade talvez a última noite de convivência histórica com o candeeiro, ou seja, um utensílio contendo líquido inflamável e um pavio, é usado para iluminar.
A comunidade tem apenas seis casas, onde mora aproximadamente 50 pessoas, está localizada numa posição bem estratégica. A 02 km do povoado de Barro Preto, município de Ichu, bem próximo dos povoados de Vila Novo Horizonte e Laje, em Conceição do Coité, sofria por vê ao seu redor tudo iluminado, o progresso chegando e a população no atraso.
Com as horas contadas para receberem a energia elétrica, a obra de eletrificação já está pronta através do Programa Luz para Todos, que é um conjunto de medidas públicas do Brasil, que visa levar eletrificação às áreas remotas e com tarifas subsidiadas pelo Governo Federal, governo do estado e a COELBA.
A primeira residência a ser visitada pelo CN foi do casal Florentino Apolônio de Jesus, 69 anos, conhecido Locório e Maria Matilde de Jesus, “Dona Preta”, 60 anos. Eles têm dois filhos e há 10 anos vivem neste local, mas antes, durante 02 anos, morou na Fazenda Moquém e na época também não tinha energia. Dona Preta contou aos repórteres que não sabe o que é morar em uma casa com energia e “mesmo o candeeiro sendo meu companheiro das noites, vou deixar e não terei saudades” (risos), falou Dona Preta enquanto Valdemi de Assis anotava tudo sob a luz do candeeiro também conhecido por fifó.
Mais a frente, na residência de Jucicleide Bispo de Oliveira, onde moram 04 pessoas, Geovani que é marceneiro e está desempregado, contou que residia em Salvador com uma das filhas de Jucicleide, com que é casado, mas foi obrigado a voltar para Lagoa Cavada, pois, pagava aluguel na capital e o dinheiro não estava dando. “Não é fácil morar na capital e voltar aqui pra roça e nos tempos de hoje não ter energia”, argumentou.
Muito escuro, chovia fino, fazia muito frio, mas a equipe do CN continuou e chegou à última casa a ser atendida por esse projeto. Uma casa estilo fazenda, curral ao lado e uma energia fraca iluminava a sala principal da residência da agricultora Maria Bete.
Divido a demora em chegar à energia, Maria Bete contou que faltou com a paciência, vendeu uma criação (animal pequeno) puxou 02 km de fiação e ligou a rede da casa. “Tive que puxar os fios da Barra (Povoado de Ichu) para aqui. Isto custou caro”, afirmou.
Segundo Maria Bete seu sonho está realizado e logo espera uma energia com potencia em sua propriedade “e não vai levar mais de cinco dias se Deus quiser”, falou a agricultora levantando as mãos para o céu.
Maria Bete apresentou seus familiares, filhas e genros que moram em São Paulo e vieram passar os festejos juninos em sua fazenda. Luiz (cabelo grisalho) e sua esposa Cleide vão viajar nesta sexta-feira, dia 30, e os demais na próxima semana. “Quem vai ficar irá levar as fotos da festa que iremos fazer com a chegada da energia de qualidade e potente”, garantiu Bete.
Redação CN *