O suicídio é uma “epidemia” que mata mais de 800 mil pessoas por ano em todo o mundo. No Brasil, em média, 38 pessoas tiram a própria vida, diariamente. Atinge adultos, jovens, adolescentes e até crianças. A taxa de óbitos por suicídios é superior à das vítimas da Aids .
Quando uma pessoa se mata, familiares e amigos se perguntam: por que ela fez isso? Não pensou em nós? Será que deixamos de fazer alguma coisa que poderia ter evitado o suicídio? Outros afirmam: estava sofrendo. Foi egoísta! Ou, foi fraca! Há bastante confusão de sentimentos. Muitas famílias sentem-se, parcialmente, responsáveis pelo que aconteceu.
Por que muitas pessoas se matam? Problemas afetivos, brigas na família, solidão, desemprego, depressão, isolamento, estresse, alcoolismo, drogas, um acontecimento que faz a pessoa se sentir “sem saída” e falta de ideais de vida. Hoje, um dos assuntos que mais tem gerado preocupação é o jogo virtual “Baleia Azul”. A maneira como se noticia um suicídio pode, também, influenciar outros atos semelhantes. Se alguém tem intenção de suicidar-se e que este ato pode lhe trazer alguma glória, nas redes sociais ou nos noticiários, é claro que o risco aumenta.
O que fazer? Só com esclarecimento é possível reduzir os suicídios. Precisamos, primeiro dar informação; depois, com conhecimento, ficarmos mais preparados para nos aproximarmos de uma pessoa que está sofrendo, sabermos ler os sinais, interpretá-los e nos sentirmos um pouco mais capazes e menos temerosos de ajudar. Precisamos falar sobre o assunto. É um tema delicado, por isso, muitas vezes, preferimos colocar “embaixo do tapete”.
O suicídio, portanto, é um grave problema que atinge adultos, jovens, inclusive adolescentes e crianças, deixando feridas incuráveis no coração de famílias. Todos devem aprender sempre mais sobre os sintomas que indicam o risco desse mal para, quando necessário, poder intervir e ajudar a salvar vidas, recuperá-las, reconduzindo sempre as pessoas para a convivência familiar e adequada inserção social.
A vida é um presente de Deus. Somos administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela. A vida não é nossa. É de Deus. Cabe a nós, somente, administrá-la. Recordemos que Jesus nos disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10).
Dom Itamar
Arcebispo Emérito