Os times do Bahia e do Vitória são bons. Mas os outros são maus, cruéis, matadores. Um campeonato como o brasileiro, que não tem o glamour de um torneio espanhol, inglês ou francês, é coisa para quem tem sangue nos olhos. Coisa para machos. Para quem tem gana. Se bem que se botar a seleção feminina de futebol do Brasil para pegar um combinado de Bahia e Vitória vai dar pena. Uma Marta vale mais que qualquer jogador do BaVi. Tô certo ou tô errado?
Claro que, se o Bom Jesus dos Navegantes, que vem a ser o mesmo Senhor do Bonfim e Oxalá, não ajudar nesta caminhada, na viagem insana que vem sendo a trilha que os clubes baianos estão encetando, com certeza vamos amargar, de novo, outra vez, a segundona e todo mundo sabe que na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro o que vale é a canelada, o cuspe no olho, a dedada no toba, a dividida, o pé-de-ferro e quem não tem raça ou tem mãe no brega não divide a bola. E quem não divide não ganha.
Dá dó ver a emotiva torcida do Bahia e a briosa torcida do Vitória colocando os padrões, ajeitando a bandeira e saindo para os estádios ou para os bares, se postando no sofá na vã esperança de ver seu time do coração partindo para cima, sendo criativo, ousando, marcando e atacando e principalmente não levando gols (nem precisa fazer muitos… um só já dava para o gasto). Mas, vemos uns times sem alma, sem identidade, sem vontade e sem noção.
Um amigo que é doido pelo Vitória no último final de semana deixou de lado um encontro com uma enfermeira que conhecera do Hospital Português, onde fora visitar um parente doente – e quem viu a moça diz que é daquele tipo que ou enfarta o indigitado ou cura só de olhar – para is assistir o jogo do Vitória. Era bom não ter ido. Na ida levou uma multa de ACM Neto logo n o início da Paralela, pois estava atrasado e acelerou. Chegou no Barradão e escorregou na arquibancada torcendo o pé. O Vitória apanhou do lanterna e no fim do jogo descobriu que tinham levado seu carro. Era melhor ter saído com a enfermeira que agora não atende às suas ligações nem para dar uma injeção na testa.
Mas voltando ao início da conversa, como eu disse, os times do Bahia e o do Vitória são muitos bonzinhos. Não dividem, não gritam, não trocam tapa, não peitam os juízes e quando dão um pontapé pedem desculpas. Em minha opinião falta raça. Do jeito que estão juro que sonhei outro dia com o Bahia e o Vitória com a seguinte escalação: no gol Irmã Dulce, Na zaga Madre Tereza de Calcutá, Papa Francisco, Ghandy e Frei Galvão. No meio campo Martin Luther King, São Francisco de Assis, padre Cícero e Chico Xavier. No ataque Nelson Mandela e John Lennon.
Na verdade, o time ideal do Bahia ou Vitória tinha de ser formado por outro tipo de gente: Átila, Tutacâmon, Long John Silver, Napoleão, Grant, Diogo Cão, Serginho Chulapa, Onça, Júnior Baiano, a Sétima Cavalaria, inclusive o general Custer, soror Joana Angélica, Maria Quitéria, Lampião e Maria Bonita, Caramuru e Cunha bebe. Podia deixar Simon Bolívar na reserva. Está faltando raça nos jogadores dos times baianos. Meninos mais amarelos e lombriguentos. Ramelentos. Chorões.
Jolivaldo Freitas * Escritor e Jornalista