O ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva começou a Caravana pelos estados do Nordeste no fim da tarde desta quinta-feira, 17, a comitiva formada por lideranças da Bahia e do Brasil recepcionaram o petista na estação do metro de Pituaçu e seguiram até o Campo da Pólvora onde chegou por volta das 18h30.
A escolha da Bahia para iniciar a caravana fez jus, pois, uma grande multidão esperava o ex-presidente entoando músicas que marcaram suas campanhas e sempre intercalava com o ‘fora Temer e leva ACM’. No Campo da Pólvora apenas um manifestante se exaltou e foi retirado pelos seguranças do metrô.
A próxima atividade de Lula na capital neste primeiro dia seria na Arena Fonte Nova para o lançamento da nova linha do tempo do Memorial da Democracia, que abrange o período de seu governo (2003 a 2010).A multidão saiu em caminhada até a Fonte Nova enquanto Lula e toda comitiva seguiram em veículos padronizados.
Durante o percurso, próximo ao primeiro portão de entrada do estádio teve uma confusão, quando alguns manifestantes ergueram cartazes pedindo a intervenção policial e um homem chegou inclusive a puxar uma arma.
A multidão continuou a caminhada para o setor Norte da Arena, ocupando as avenidas, até que nova confusão foi iniciada quando manifestantes anti-Lula, integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua levaram o boneco inflável caracterizado de Lula, manifestação não aceita pela militância pró-Lula que partiu para cima e furou o boneco, iniciando a confusão que terminou quando a PM efetuou quatro disparos para cima.
Como numa partida de futebol a militância em fila subiu a escadaria da Arena Fonte Nova e se dirigiu para o espaço reservado para shows onde foi montado o palanque, foi franqueada a palavra para O diretor do Instituto Lula, Paulo Okamotto, Franklin Martins ex-jornalista da Rede Globo e ex-ministro de Comunicação de Lula, Sérgio Gabrielle e Rui Costa, mas a militância aguardava ansiosamente o discurso de Lula.
“Foi aqui na Bahia que começou a história do Brasil. Aqui teve início a dominação colonial, o martírio dos indígenas, a exploração desumana dos africanos escravizados. Foi também na Bahia que começou a tenaz e heróica resistência de um povo que foi se formando com tantas e tantas origens”, ressaltou Lula.
Lula destacou a luta dos quilombos, as grandes revoltas do século passado, as ocupações de terra, as greves e a resistência contra a ditadura como expressões de um povo que sempre batalhou para transformar sua realidade social. “Este Memorial ainda vai dar o que falar. Nós precisamos divulgar para cada vez mais pessoas terem acesso. Não é possível que este povo continue se informando pela Rede Globo de televisão e outras tevês que só passam filme estrangeiro”, defendeu.
Na estrada
Pronto para pegar a estrada de ônibus a partir de sexta-feira,18, rumo ao Nordeste, Lula explicou a iniciativa: “Quando nós ganhamos pela primeira vez a presidência da República era para mostrar que combater a desigualdade era viável, o Brasil era possível. É por isso que decidi voltar a andar por este país. Não é para falar de eleição, é pra aprender com o povo e entender o que está acontecendo neste país que está subordinado a um golpe e a pessoas que nunca tiveram competência para assumir a presidência”.
Ao falar sobre a atual crise política e econômica, o ex-presidente foi incisivo: “Se um governante governa um país e, numa crise, começa a vender o patrimônio desse país, esse governante deveria pedir desculpas e ir embora. Não serve para governar. Eu tenho orgulho de ter governado este país no período mais democrático da política. Foi um torneiro mecânico, sem diploma universitário, que mais fez universidade pública nesse país. A minha história eles não vão conseguir apagar, está na cabeça das pessoas”.
Na manhã desta sexta estava previsto na agenda de Lula a outorga do título de Doutor Honoris Causa na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB em Cruz das Almas, mas a Justiça Federal decidiu suspender a homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcada pera acontecer nesta sexta-feira (18) na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cruz das Almas, cuja tutela de urgência que pediu a suspensão da entrega do título a Lula foi protocolada pelo vereador de Salvador Alexandre Aleluia (DEM). Não há informação se a agenda está mantido para Cruz da Almas.No sábado o ex-presidente estará em Feira de Santana para um grande encontro com os movimentos sociais e agricultores familiares.
Até o dia 5 de setembro, a caravana do ex-presidente ainda passará por mais 22 municípios dos outros oito estados nordestinos: Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, neste ordem. O percurso somará 4 mil quilômetros e, nesse período, Lula terá a presença fixa apenas de Marcio Macedo, vice-presidente nacional do PT e organizador da caravana.
Veja videos desse primeiro dia de Caravana