De quem é a responsabilidade do cuidado com os filhos? Ainda por influência patriarcal e machista, a resposta da maioria da população a essa pergunta será: da mulher. Mas essa visão em relação aos cuidados com as crianças tem sido discutida com foco em desconstrução de preconceitos nas últimas duas décadas, por esse motivo, tem se falado tanto em paternidade e na importância desse papel social na mesma medida que a maternidade no Brasil.
Em novembro de 2016, foi lançado o primeiro relatório Situação da Paternidade no Brasil pelo Promundo, o foco era reunir os principais estudos realizados nas últimas duas décadas para expor as evidências do impacto positivo do envolvimento do homem no papel do cuidado, principalmente no que se refere à saúde materno-infantil. Apesar de estudos significativos sobre o assunto, não há dados concretos sobre a situação da paternidade no Brasil.
Este relatório visa promover a discussão de que quando o público masculino se responsabiliza de forma igualitária pelo trabalho doméstico e de cuidado não-remunerado, abre espaço para que as mulheres possam desenvolver seu papel profissional, que de acordo com dados de 2012 do Banco Mundial, representa 40% da força de trabalho no mundo.
Paternidade com a mesma importância da maternidade
A flexibilização de horário, os momentos para a amamentação, consultas pré-natal, comparecimento em consultas médicas, entre outros, estão entre as ações que precisam ser adotadas pelos empregadores/as, mas o mais importante é que essas ações também compreendam o público masculino para que o cuidado com os filhos possa ser compartilhado com as mulheres.
A Pesquisa Gravidez Indesejada no Brasil – Estatísticas, Motivos e Consequências, realizada pelo portal Trocando Fraldas com 12.000 brasileiras mostra que em casos de gravidez não-planejada, 11% dos pais não assumiram a paternidade. Na região Sul, a taxa de rejeição é a menor, com 7% e maior na região Norte, com 16%.
Nos estados Maranhão e Rondônia, com 20% e 19% respectivamente, ocorre maior fuga da responsabilidade paterna. No Rio Grande do Norte e Santa Catarina a taxa de rejeição é a menor, mal chega a 7%.
Em São Paulo e Rio de Janeiro, 90% e 91%, respectivamente, os homens assumem a paternidade.
A discussão não está encerrada, a abordagem sobre o tema paternidade no Brasil tem ganhado força e já há evidências o bastante de que o cuidado com os filhos não é atividade exclusiva feminina, porque o papel do cuidado e educação não está limitado a apenas um gênero.