Neste domingo, dia 17, o distrito de Igara, do município de Senhor do Bonfim (BA), será palco da 38ª Missão da Terra, da Diocese de Bonfim. A Missão traz o tema “Vida e Morte na Caatinga: enquanto o Ser Humano destrói, Deus ressuscita!”; e o lema: “Cultivar e guardar a criação é nossa responsabilidade” (Gn 2,15).
A mobilização pretende dar visibilidade aos sofrimentos, às resistências e às lutas das comunidades tradicionais, sem-terra, lavradores e lavradoras, por meio de testemunhos das mulheres e homens do campo e com apoio da cidade, além de fortalecer a organização dos movimentos sociais de luta pela reforma agrária, pela defesa de seus territórios e por políticas públicas que respondam às necessidades de direitos dos camponeses e camponesas.
Uma das metas da Missão da Terra, é “reafirmar o compromisso com a luta pela permanência e convivência na terra, buscando reconstruir a relação fraterna com a natureza, por meio da agroecologia e da busca de alternativas que não destruam a natureza, e responsabilizar as grandes empresas do agronegócio e da mineração pelos atentados à vida dos biomas e dos povos do semiárido, perpetrados em nome do lucro e de uma concepção tragicamente equivocada do desenvolvimento; do estado pela subserviência à hegemonia do grande capital, em detrimento à justiça e ao bem comum”.
Em todo o território da Diocese de Bonfim, além da seca prolongada nos últimos anos, algumas ações estão contribuindo para a destruição deste bioma, como: queimadas criminosas, desmatamentos, ações degradantes de proprietários de terra, empresas mineradoras, eólicas e do agronegócio, crescente uso de agrotóxicos, contaminação e poluição de rios e mananciais, destruição de nascentes, perfuração indiscriminada de poços artesianos, entre outros. São ações que sugam os lençóis freáticos, devastam a Caatinga e as serras guardiãs de nossas nascentes e da grande biodiversidade de nossa região.
Os problemas não serão resolvidos se as pessoas não compreenderem outro modo de vida entre nós e a inter-relação com a natureza. Precisamos aprender a conviver com a Caatinga e não mais “combater a seca”. Para isso são necessárias ações concretas apropriadas ao bioma, com políticas públicas adequadas, que implementem programas e projetos para a proteção, preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas. O que só terá sucesso se acompanhado de processos de educação socioambiental com as comunidades e em todas as escolas. Só assim será possível garantir a sustentabilidade dos ecossistemas catingueiros e a vida digna para todos os que neles habitam.
Algumas destas políticas e práticas já existem e comprovam sua importância. Exemplo disso, são as cisternas de placas para água de consumo familiar e de produção, entre outras tecnologias voltadas a captação e armazenamento da água das chuvas, fruto da organização das comunidades e movimentos, que precisam ser fortalecidas e expandidas. Além deste, também tem os projetos de leis municipais voltadas para a preservação da Caatinga e do patrimônio público. Outro ponto importante, é a regularização dos territórios das Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto, protetoras da Caatinga e do seu modo de viver apropriado ao sertão.
Programação
A 38ª Missão da Terra terá incício com a concentração dos romeiros e romeiras em frente ao restaurante Dois Irmãos, na BA 220, às 8 horas. De lá, seguem em caminhada com três paradas, passando pelo Rio Itapicuru e ruas da Igara, refletindo os temas: bioma Caatinga geme em dores de parto; a ganância da humanidade destrói a natureza; e, do ventre da mãe terra, nasce o pão. À tarde, das 13h às 15h30min, terá o momento cultural, com apresentação de músicas, poesias, exposição de material das entidades e confissões, finalizando com a celebração da Santa Missa e envio dos romeiros(as) às suas casas.
Origem
A Missão da Terra iniciou-se junto com a romaria que acontecia todos os anos em Monte Santo (BA), quando a luta pela terra, sobretudo por causa da grilagem, se espalhou por todos os municípios da diocese. Nesta hora foi constatado que era preciso apoiar esta luta. Mais tarde, a Missão da Terra foi realizada para dar apoio às comunidades camponesas ameaçadas por latifundiários e grileiros. Só depois sentiu-se a necessidade de envolver a cidade para fortalecer a luta, tratando-se de um bem que era para todos.
Com isso, a Igreja da Diocese de Bonfim firmava sua opção pela justiça e pelos pobres, guiada por Dom Jairo, com seu jeito simples de viver, de vestir, sem insígnias que o distinguisse do povo. As Missões da Terra se tornaram a grande festa da família diocesana, constituído no momento em que todos entravam na luta por terra, água, distribuição dos bens, pelos direitos de todos e se comprometiam, com a participação, cantando, rezando e clamando por justiça.
Contato
Antonio Célio
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