Geddel chorou. Joesley chorou. Maria e os judeus choraram por causa da morte de Lázaro. Nero (não estou dizendo Neto) chorou ao ser golpeado por Brutus. Tommaso Buasceta chorou perante o juiz que destruiu a máfia italiana. O espião Aldrich Ames chorou quando foi descoberto. Judas chorou. Xerxes, o imperador chorou do nada. O Rei Davi chorou pedindo perdão a Deus. A rainha Ester chorou quando se lançou aos pés do rei Assuero pela vida de seu povo. Páris chorou pedindo piedade a Menelau.
Fico a imaginar, com dó, a mãe de Geddel Vieira Lima, olhos marejados, explicando aos policiais federais que o filho não é bandido. É doente. Dor de mãe me comove. Mas ela deve saber alguma coisa que nós, vãs mortais, não sabemos. Eu acredito que ele realmente tem algum grau de doença, seja cleptomania, macromania, plurtomania, fagomania, oenemania, megalomania, doxomania, egomania, estesiomania. Mas sempre o achei com problema de teomania, ou seja, achar que que é todo poderoso, com maior poder que o do próprio Deus.
Certa feita eu disse num escrito na Tribuna da Bahia – depois de participar de um evento político e de reuniões como coordenador de marketing em campanha política que ele apoiava o candidato a quem eu prestava serviço -, que o considerava uma pessoa além conta, de postura errática e extrema boçalidade. Fiz até um contraponto observando que o irmão Lúcio Vieira Lima, que estava se iniciando na política, era o lado mais palatável da família. O jornal estava nas ruas às seis da manhã e às seis e meia o telefone tocou em minha casa e era Geddel querendo saber que história era aquela. Explicquei que publicara minha impressão a seu respeito e ele me disse apenas que eu estava errado. Naquele instante, com aquele gesto do então deputado confirmei que eu acertara na mosca.
De outra feita fui a um almoço com Geddel e jornalistas, almoço de fim de ano, a convite de uma sua assessora minha amiga, em que haveria uma entrevista coletiva. Foi num período em que o senador Antonio Carlos Magalhães pedira renúncia do cargo para não ser cassado. Geddel incentivado pelo uísque do restaurante Baby Beef, começou a desconstruir ACM e nem se passara meia hora a conversa chegou aos ouvidos do velho político e como bumerangue chegou de volta que Antonio Carlos estava avexado com a postura boquirrota de Geddel. Todos vimos quando ele ficou vermelho, deixou o almoço de lado e foi se justificar, se não estou enganado, no meio de um evento em homenagem ao ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, em seu mausoléu na Paralela. Dizem que Geddel pediu perdão e chorou. Eu não estava lá para confirmar.
Talvez sua mãe tenha mesmo razão ao dizer que seu filho não é gatuno. É doente. Geddel tem um olhar – como se dizia antigamente – de quem tem foco cerebral, que indica a existência de algum problema neurológico. Já o Joesley que também chorou na cadeira da Polícia Federal, não teve pai nem mãe que saísse em defesa. Não se ouviu sequer um apelo ou queixume da atual mulher, que classificou em gravação como inteligente (coisa que ela está mostrando ser, ficando quieta). A mulher antiga, esta não tem motivos para defender o ex-marido, vez que numa das gravações ele praticamente a chama de burra, de néscia.
O problema agora é que as lágrimas sentidas ou choradas podem se transformar em verdadeiros Tifões, seres mitológicos que tudo destroem, e consumam carreiras como a de Temer e ACM Neto. Bem que o velho ACM sabia das coisas.
Jolivaldo Freitas – Escritor, jornalista e publicitário, comentarista da Rádio Metrópole, articulista do Jornal Correio e do Portal Metro1 – Cronista da Tribuna da Bahia – Colaborador do iG, Yahoo, Jornal do Brasil e Pravda internacional. Editor sênior do site Notícia Capital ecolunista do Calila