Morreu na madrugada desta quinta-feira, 07/07, no Hospital Aeroporto, em Lauro de Freitas, região Metropolitana de Salvador o ex-jogador de futebol profissional Mario Felipe Pedreira “Onça”, natural da cidade de Santaluz, no Território do Sisal da Bahia. Onça sofria com Mal de Alzheimer a cerca de 10 anos e pelo menos metade desse tempo estava morando com uma filha em Camaçari. Segundo familiares, a situação se complicou há cerca de 2 anos quando passou por uma cirurgia de vesícula quando sofreu uma parada cardíaca e nos últimos dias teve seu estado de saúde piorado e foi internado onde permaneceu até o óbito.
Onça foi o primeiro jogador da região sisaleira a despontar em um grande clube brasileiro no final dos anos sessenta e início dos anos setenta, era de ouro de Pelé, Jairzinho, Rivelino entre outros. O apelido de animal felino Onça ganhou, segundo o irmão Flaviano Augusto Pedreira, quando ele foi estudar em Salvador, no colégio Marista. “Foi lá que colocaram esse apelido nele, porque nosso pai comprou um short com uma estampa que parecia o pelo de uma onça
Em sua juventude, Onça já se destacava no futebol amador jogando pelo Santos da cidade de Santaluz, pelo Luzense Esporte Clube, pela seleção de Serrinha e pelo Salinas de Margarida. Ele treinou várias seleções no Intermunicipal a exemplo de Coité e Serrinha, pela seleção serrinhense conquistou o titulo em 1988.
Observado pelo professor Cavalcante de Brito, fanático torcedor do Galícia, Onça foi convidado para fazer testes no juvenil do Galícia Esporte Clube em 1960.
Aprovado nas seletivas, chegou rapidamente ao elenco de profissionais e assinou seu primeiro contrato, lá permanecendo até o ano de 1963.
Contratado pelo Fluminense de Feira Futebol Clube em 1964, jogou pouco mais de duas temporadas até ser transferido para o Sport Club do Recife em 1967.
Retornou para o Fluminense de Feira ainda em 1967, quando foi eleito como o melhor zagueiro do ano pela imprensa baiana.
Naquele período, Onça foi o grande destaque da equipe que enfrentou o Flamengo em Feira de Santana, pelas festividades de inauguração dos refletores do estádio Joia da Princesa.
Durante o jogo, Onça teve uma excelente atuação e no mesmo dia recebeu um convite dos entusiasmados dirigentes do Rubro-Negro, dispostos em levar o jogador na bagagem de volta ao Rio de Janeiro.
Conforme divulgado pela revista do Esporte número 465, edição publicada no mês de junho de 1968, o clube carioca ofereceu 80 mil cruzeiros novos, mais o passe de quatro jogadores.
Diante disso, os diretores do Fluminense de Feira decidiram presentear o jogador com um mimo considerável: Um automóvel Karman Guia zerinho!
Antes, Onça já tinha recebido propostas concretas do América do Rio, do Palmeiras e do Santos, quando na oportunidade seu pai decidiu rasgar os bilhetes das passagens que o jogador tinha recebido com destino aos gramados da capital paulista.
Em 1968 Onça chegou ao Rio de Janeiro para se apresentar no Flamengo. No dia seguinte de sua apresentação, ignorando o cansaço e a falta de entrosamento, fez sua primeira partida pelo time da Gávea marcando um gol do meio da rua.
Onça ganhou notoriedade em uma partida contra o Santos pela vigilante marcação imposta ao “Rei Pelé”. A performance valeu muito prestígio e real possibilidade para servir futuras convocações da Seleção Brasileira.
Jogando pelo Flamengo, Onça conquistou a Taça Rei Mohamed V em 1968, na cidade de Casablanca – Marrocos, Taça Guanabara de 1970, Torneio Internacional de Verão de 1970 e o *Torneio do Povo em 1972.
(*) A competição conhecida como “Torneio do Povo”, foi realizada no auge da ditadura militar. Reuniu em sua primeira edição Corinthians, Flamengo, Internacional e Atlético Mineiro, os clubes de maior torcida em seus estados e no Brasil.
Em 1972 o Bahia juntou-se ao grupo. Na sua última edição, no ano de 1973, o Coritiba também ingressou no torneio. Seu nome oficial era “Torneio General Emílio Garrastazu Médici”.
Onça atuou em 164 oportunidades com o uniforme do Flamengo. Foram 78 vitórias, 42 empates, 44 derrotas e 7 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Flamengo, de autoria de Clóvis Martins e Roberto Assaf.
O zagueiro deixou o Flamengo no final da temporada de 1971. Sem acordo para renovação contratual, acabou recebendo da diretoria os direitos sobre seu próprio passe. Lamentavelmente, não integrou o elenco que foi campeão carioca em 1972.
Voltou ao Sport Recife e depois de uma significativa passagem jogando pelo Esporte Clube Bahia, Onça foi negociado com o Sergipe no início do ano de 1974.
Campeão Sergipano em 1974, Onça encerrou sua carreira como jogador em 1978. Ainda pelo Sergipe, iniciou na função de treinador e conquistou o título estadual de 1980.
Em maio de 1995, de acordo com o projeto de lei número 866, a Câmara municipal de Santaluz nomeou o estádio municipal com o nome de Mário Felipe Pedreira. Uma justa homenagem!
Considerado como um dos defensores mais identificados com o Flamengo, Onça deixou saudades como quarto zagueiro de um time formado por nomes como Zanata, Rodrigues Neto, Liminha, Doval, Fio Maravilha e tantos outros daquele marcante período.
Em 2009 quando o Calila Noticias tomou conhecimento que Onça enfrentava o Alzheimer foi até a cidade de Santaluz onde conversou com familiares. Não foi possível localizar o link da matéria, mas o texto com foto podemos apresentar abaixo:
Mário Felipe “Onça” está com a saúde debilitada, como a doença é progressiva vem se agravando a cada dia.
O ex jogador e treinador de futebol Mário Felipe Pedreira, 66 anos, casado, pai de seis filhos e oito netos, conhecidíssimo no meio futebolístico por Onça, natural de Santaluz, Região Sisaleira da Bahia, depois de brilhar em clubes como Flamengo (RJ), Sport (PE), Bahia, Fluminense de Feira (BA) e no Sergipe (SE) em 1978 quando encerrou o futebol e começou a carreira de treinador onde conquistou títulos, vive momentos difíceis na sua vida. Desolado e abatido em consequência do Mal de Alzheimer, o ex – atleta precisou deixar Santaluz onde mora com irmãos para ser internado em uma casa de atendimento filantrópico em Salvador a cerca de 30 dias.
A realidade de Onça não é muito diferente de outros ídolos que padecem no sofrimento de isolo e falta de reconhecimento no “fim da vida”, ele que sem dúvida foi o maior nome da região do sisal no futebol brasileiro, hoje está no anonimato e vivendo esta difícil situação.
História contada pelo irmão Flaviano Augusto Pedreira – a equipe do Calila Noticias foi recebida na residência da família onde foi levantada um pouco da longa história de glorias e também tristeza do ex-atleta.
CN – por que Onça?
Flaviano – Ele havia saído no inicio da década de 60 para estudar em Salvador no Colégio Marista, e lá colocaram apelido nele porque nosso pai comprou um short para ele com aquela estampa que parece o pelo de onça.
CN – Como surgiu no futebol?
Flaviano – Nessa mesma época houve um torneio de futebol e ele se destacou, e lá, pôde ser observado pelo professor Cavalcante de Brito fanático pelo Galícia o convidou para fazer testes no clube, ai teve inicio sua vida no futebol, como atleta do Fluminense de Feira de 1963 até 1965 quando foi para o Sport Recife, retornou para a Bahia em 1966 quando acertou com o Bahia, clube que defendeu por dois anos, depois retornou ao Flu de Feira em 1968 e naquela ocasião o Flamengo veio a Feira de Santana numa quarta-feira para inaugurar os refletores do Jóia da Princesa. No jogo, Onça fez uma marcação impecável ao atacante do Flamengo que era um dos maiores do futebol brasileiro. No mesmo dia recebeu o convite e viajou para a Gávea no dia seguinte, estreou logo que chegou e teve a felicidade de marcar um gol “do meio da rua”.
Ele foi cogitado inclusive para a seleção brasileira naquela época. Tinha muita moral que chegava até escalar o companheiro de zaga para atuar ao lado dele. Ficou três anos no Flamengo (1968 a 1971) em 1972 foi para o Sport Recife onde ficou por três anos, depois o Sergipe onde foi bi- campeão como jogador e encerrou o futebol. O Flamengo fez o jogo de despedida do atleta e venceu por 3 a1. Onça iniciou ainda no Sergipe a função de treinador onde sagrou-se campeão em 1980.
No Mengo foram 164 partidas, campeão em um quadrangular em Marrocos: 1968, Taça Guanabara: 1970 Torneio Internacional de Verão: 1970 e Torneio do Povo: 1972
Antes de chegar ao Flamengo, no Fluminense de Feira deu ao Touro do Sertão o então inédito título baiano. No time de Feira de Santana, Onça jogou ao lado de Mundinho, pai do zagueiro Júnior Baiano.
Mario Felipe teve passagens como treinador pela seleção de Serrinha bi-campeã do Intermunicipal, trabalhou para que Cruzeiro de Cruz das Almas e Juazeiro subissem para a 1ª divisão do baianão, treinou as seleções de Coité, Itapetinga, Tucano e a própria Santaluz.
CN – A fama do jogador que marcou Pelé
Flaviano – marcar Pelé não era uma missão fácil, jogador observado no mundo inteiro toda a imprensa acompanhava para destacar seus gols e suas jogadas, o que podia ser esperado era que os zagueiros patinassem em seus dribles, mas parece-me que nos jogos que ele enfrentou o rei do futebol, acabou se saindo bem e a mesma imprensa que ia ver Pelé via onça no seu encalço.
CN – Confronto nos gramados amizade a parte
Falviano – Realmente, meu irmão fez amizade com Pelé e foi muito útil quase três décadas depois. Já na condição de ministro do Esporte, Onça fez parte de uma comissão que foi até Brasília onde conseguiu recursos para a construção do novo estádio de Santaluz, praça esportiva que recebeu o nome de Mário Felipe Pedreira Onça, mas teve que ser mudado por causa de uma lei que não permite que pessoas vivas possam ser homenageadas em bens públicos.
CN – E a doença quando surgiu?
Flaviano – a cerca de dez anos, assim que ele deixou de ser treinador. Apesar desse problema que lhe acomete, ele vive uma vida saudável no que diz respeito ao hábito alimentar. Mas o Mal de Alzheimer é muito traiçoeiro, às vezes está calmo, outras vezes fica agressivo, perde a memória e chega a não conhecer as pessoas, mesmo alguns membros da família, e quando perde a memória sai pelas ruas sem rumo. Em casa às vezes recorda o passado e conta sua passagem no futebol com muita alegria.
O Calila Noticias aproveita para agradecer ao ser Flaviano, 68 anos, que pôde passar essas informações que com certeza toda região sisaleira de modo especial aos amantes do futebol, gostaria de saber a respeito de sua vida e com certeza estão torcendo por melhoras.
O que é Alzheimer?
A doença de Alzheimer é a mais freqüente forma de demência entre idosos. É caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem, mudança da personalidade e da capacidade de julgamento.
É uma enfermidade progressiva e os sintomas agravam-se à medida que o tempo passa. Mas é também uma doença cujos sintomas, sua gravidade e velocidade variam de pessoa para pessoa.
Os sintomas mais comuns são :
– perda de memória, confusão e desorientação.
– ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança.
– alteração da personalidade e do senso crítico.
– dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se.
– dificuldade em reconhecer familiares e amigos.
– dificuldade em tomar decisões.
– perder-se em ambientes conhecidos.
– alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária e fecal.
– dificuldades com a fala e a comunicação.
– movimentos e fala repetitiva.
– distúrbios do sono.
– problemas com ações rotineiras.
– dependência progressiva.
– Vagância
Redação CN | Colaborou * Tardesdepacaembu