Mais de dois mil diretores e professores do estado da Bahia já foram ameaçados por alunos da rede pública. Ao mesmo tempo, mais de 11 mil já presenciaram algum estudante cometer uma situação de violência com outro professor ou funcionário da instituição. Os dados fazem parte do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na segunda-feira (30) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Além disso, 505 professores e diretores disseram já ter sido vítimas de um atentado à vida na escola em que trabalham “no último ano” – os dados são de 2015 e atribuídos ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e à Prova Brasil.
Outro lado
Em nota enviada ao CORREIO, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que “desconhece a empresa Prova Brasil e como foram coletados dados sobre violência nas escolas”. “Esclarece que em contato com o próprio jornal CORREIO tentou entender melhor o levantamento realizado e nem a própria equipe responsável pela matéria conseguiu, via Fórum Brasileiro de Segurança Pública, saber como a contagem foi produzida”, continua o comunicado. A pasta afirma ainda que, na Bahia, a Polícia Militar realiza o serviço de Ronda Escolar, “que além das ações ostensivas, desenvolve um calendário de conscientização dos jovens com relação ao uso de drogas, entre outros temas”.
Também em nota enviada ao CORREIO, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) informou que “não tem registro de atos de violência contra professores nas escolas da rede estadual”. De acordo com o órgão, registros de indisciplina de estudantes são abordados no âmbito escolar, sempre com propostas pedagógicas. Confira o posicionamento da SEC na íntegra:
“A Secretaria da Educação do Estado da Bahia informa que não tem registro de atos de violência contra professores nas escolas da rede estadual. Registros que referem-se à indisciplina de estudantes são abordados no âmbito da escola com propostas pedagógicas.
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia ressalta que a escola pública conta com o respeito da comunidade como espaço de oportunidade para seu crescimento e desenvolvimento como cidadãos.
Entre as ações desenvolvidas pela Secretaria da Educação do Estado para a prevenção nas escolas, destaque para:
– Parceria com a Secretaria de Segurança Pública/ Polícia Militar com mais de 200 policiais militares da Ronda Escolar. O efetivo passa por seleção, cursos de mediação de conflito e de policiamento comunitário escolar. O grupo realiza uma ação complementar, que envolve reuniões com pais e mestres e palestras com os estudantes. A parceria com a SSP ocorre por meio do Programa Pacto pela Vida com ações educativas junto às comunidades escolares.
– Destaca-se no contexto escolar, projetos de combate e prevenção à violência são desenvolvidos por professores e estudantes em sala de aula. Um dos exemplos é o “Grupo de Apoio e Conselhos” (GAC) do Colégio Estadual Professor Hermes Miranda do Val, em Simões Filho. Em 2015, o GAC foi premiado pelo concurso “Desafios Criativos da Escola” e, em 2016, a estudante Rayssa Rodrigues, 12 anos, representou o grupo no Be The Change Conference, na China. O evento anual reuniu crianças e jovens de vários países que são protagonistas de projetos voltados para soluções criativas em suas escolas e comunidades.
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