Moradores da comunidade de Areia Branca, em Araçás, município localizado no território Agreste de Alagoinhas, não souberam explicar (durante reportagem do CN), o que motivou a paralisação da obra de eletrificação rural, que iria beneficiar 11 famílias. A localidade é de difícil acesso, sendo necessário percorrer 14 km, sendo 4 em estrada vicinal, e 10 pela rodovia BA 093. As pessoas que lá vivem e tiram o sustento na agricultura familiar, a exemplo do aposentado Evaldo Sampaio de Oliveira, 61 anos.
Evaldo não sabe o que aconteceu com a obra iniciada há doze anos e na época, segundo ele, tudo parecia normal, pois foram fixados postes numa extensão de 1 km, de alta e baixa tensão e colocaram a fiação. “Tudo aconteceu normalmente, mas de repente sumiu todo mundo da construtora, não ligaram a energia e até o hoje ninguém veio explicar o que houve”, lamenta o agricultor.
Jailton Batista dos Santos, 25 anos, mora com os pais, Romão e Maria José Santos Batista, mostrou a equipe de reportagem do CN os postes sem fiação, pois. segundo ele, ao longo desta década, tudo foi roubado, restando um pequeno trecho de fiação na área de alta tensão. “É muito difícil morar em uma situação desta. Nossa comunidade não fica tão distante do progresso, pois estamos a menos de 30 km de Alagoinhas e a pouco mais de 100 km para Salvador”, desabafou Jailton enquanto mostrava um dos postes sem a fiação, da obra que foi iniciada e paralisada, segundo os moradores, no final da gestão da prefeita Lúcia Helena Oliveira, conhecida por Marlucia, cuja mesma não foi encontrada pelo CN para falar sobre o assunto.
A 30 km de Areia Branca, moradores da comunidade de Ladeira passam pela mesma situação e convivem com a realidade de ter a instalação elétrica dentro de casa, mas a obra não foi concluída. A obra na comunidade de Ladeira foi executada em 2011 e foram fixados os postes desde o Povoado de Tapitanga, município de Entre Rios, passando pela aglomeração de casas conhecida por Raimundo Alves, seguindo 1,5 km até a Ladeira, onde moram 08 famílias e mais a frente, 2,5 km, a localidade conhecida por Fazenda de Gringo, com cinco casas.
O líder comunitário Antonio Nascimento, 61 anos, não sabe explicar o que aconteceu, disse ao CN que estas famílias chegaram a comprar geladeiras, ferro elétricos, ventiladores e foram obrigados a vender pela metade do preço, pois estava tudo enferrujando.
Vereador por seis mandatos, o democrata Gilisberto Dantas Schram, “Gili”, disse que os vereadores da época não ficavam sabendo destas obras e nem tão pouco os motivos que eram paralisadas, mas lembrou que era uma prática do grupo político conhecido com os “Coelhos” que dominou o município por 23 anos, desde que foi emancipado em 1989 até 2012. “Eles começaram as obras próximos a eleições para iludir o povo”, afirmou o democrata.
O líder político Lilito Barros informou ao gabinete do deputado estadual Alex da Piatã (PSD) essa realidade e o parlamentar visitou na quinta-feira, dia 12, estas comunidades onde ouviu os moradores.
“Assim que tomei conhecimento desta realidade através de Lilito, procuramos o superintendente de Energia da SEINFRA Celso Rodrigues e discutimos o assunto. No caso da Ladeira, segundo a superintendência, serão atendidas 30 residências e já devia estar concluída desde o dia 30 de setembro deste ano. Esta data também vale para o projeto referente à eletrificação de cinco casas na Fazenda Areia Branca”, garantiu o deputado Alex da Piatã.
O parlamentar lembrou que existe outro projeto para a comunidade de Areia Branca com previsão de conclusão em 30 de dezembro, onde serão beneficiadas mais 21 famílias. “Vamos ficar atentos e na segunda-feira (16), volto a manter contato com doutor Celso e vou transmitir o que verifiquei de perto para ver se destrava estas obras, pois eletrificação é um direito de todos”, finalizou.
Direito a energia – A universalização do serviço de energia elétrica está fundamentada na Constituição Federal, art. 23, inciso X, a qual trata do dever da União para combater as causas da pobreza e da marginalização social. Em 08 de julho de 2011 foi publicado o Decreto nº 7.520 que institui o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica – “Programa Luz para Todos”, destinado a propiciar o atendimento em energia elétrica à parcela da população do meio rural que não possui acesso a esse serviço público e em 30 de dezembro de 2014, o decreto nº 8.387 prorrogou o prazo do Programa Luz para Todos até 2018.