Todo fim de ano sinto uma sensação boa quando meus ex-colegas da TV Bahia e Roberto Appel me convidam para a festa dezembrina do pessoal do jornalismo. É a chance que tenho de matar saudade de velhos amigos e fazer novos amigos, jornalistas de uma outra geração que se renova continuamente, e que mesmo sendo neófitos na profissão, como diz a máxima, a o jargão dos cronistas esportivos, em futebol (como no jornalismo) “não tem ninguém mais besta”. Todos antenados, evoluídos e competentes, nada de focas – eles nem sabem o que isto significa.
Fico mais feliz ainda por saber ser dos raros ex da TV Bahia que ainda frequentam esta festa, o que me leva a crer que se fui um péssimo Chefe de Reportagem, devo ter sido um bom colega. E vibro com a receptividade dos velhos companheiros repórteres, apresentadores, cinegrafistas, assistentes, editores e por aí vai. Mato saudade e saio cheio de beijos e abraços e dou muitos beijos e abraço, espaçoso que sou, o que renova minha esperança na volta do coleguismo que sempre existiu nas redações e que hoje se tornou raro produto de raro consumo.
As festas de Appel sempre se caracterizaram pela imensa alegria, pela integração e por momentos de rara descontração de uma equipe que trabalha no limite, na ponta do salto agulha, com o dedo no gatilho. Todo mundo sabe que trabalhar em redação de televisão é estar a um passo do despenhadeiro. Jornalismo em televisão foi feito para não dar certo, mas dá. E para isso é preciso gente competente, arrojada e com sangue nos olhos. E meus ex-colegas costumam errar muito pouco (somos humanos, claro). E oferecem muito mais em criatividade e qualidade. E depois de muito tempo sem encontrá-los foi o que eu disse para cada um: parabéns por mais um ano vencido e amarrado.
Mas, falando na festa de Appel, ela sempre me lembra, não sei o porquê, das clássicas Saturnálias, evento que comemorava o fim do ano agrário e até religioso, significando um período velho dando lugar ao novo, como ´são nossas festas de fim de ano. Roma sempre foi uma festa. E a Saturnália era um frisson com música, arte e banquete. No CTG da Boca do Rio onde a festa da galera da TV Bahia aconteceu semana passada teve tudo isso e muito mais. Fazia tempo que eu não via tantas garotas bonitas. As de antes e as de agora. Apaixonantes como sempre. Brinquei com Appel dizendo que a redação estava cada vez mais qualificada. Em todos os sentidos. Pois se o imperador Tito Lívio iniciou as Saturnais no século 217 antes de Cristo, agora tivemos seu clone com as devidas proporções nos anos 2017 depois de Cristo e foi muito divertido e emocionante, principalmente para mim que gosto de alegrias, deboche e gracejos. Espero encontrar todos no ano que vem, de novo, novamente. E vai um beijo especial para Camilo Marinho, das melhores repórteres e ser humano que conheci nesta minha longa carreira.
E parece que os deuses baianos têm olhado para meu amigo Roberto Appel – cuja amizade surgiu depois de longo embate, longas discussões, agravos e desagravos até o dia que a espuma baixou e vimos que tínhamos muito em comum. Por exemplo, a preocupação com a cultura baiana. E a amizade cresceu e de vez em quando nos vemos. E a Bahia já está reconhecendo a importância deste profissional gaúcho – que vai terminar sendo presidente do Internacional de Porto Alegre -, e que no dia 12 recebe o título de Cidadão de Salvador. Um novo baiano. Um novo soteropolitano. Epa Bàbá
Escritor e jornalista – [email protected]