Na Bahia, em 2016, pouco mais de 1 em cada 3 jovens nas faixas de 18 a 24 anos (33,7%) e de 25 a 29 anos de idade (33,9%) não estudavam nem estavam trabalhando. De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) havia no ano passado 1 milhão de baianos nessa população que se conhece como “nem-nem”. Em 2013, o número era de 24%.
Eram proporções acima da média nacional (30,1% e 25,8% respectivamente) e, para o grupo entre 25 e 29 anos (33,9%) a quarta maior percentagem de pessoas que não estudavam nem trabalhavam entre os estados, abaixo apenas de Alagoas (37,5%), Pernambuco (36,9%) e Maranhão (36,3%).
Assim como ocorreu no país como um todo, a proporção dos “nem-nem” na Bahia cresceu a partir de 2014, com maior intensidade entre 2015 e 2016 – reflexo principalmente da saída de jovens de ocupações no mercado de trabalho.
Considerando-se os jovens de 16 a 29 ano de idade, no estado, a percentagem dos que não estudavam nem trabalhavam se manteve relativamente estável entre 2012 (26,0%) e 2015 (25,5%). Em 2016, ela passa a 30,5% ou cerca de 1 milhão de pessoas. O aumento dos “nem-nem” na Bahia foi o quarto maior comparando-se 2012 com 2016 e o segundo maior do país entre 2015 e 2016, abaixo apenas que o verificado em Pernambuco.
Embora não exista um perfil por estado desses jovens que não estudam nem trabalham, percebe-se, pelas informações nacionais, que aqueles com menor nível de instrução, os pretos ou pardos e as mulheres estão mais sujeitos à condição de “nem-nem”.
Dos cerca de 1 milhão de jovens de 16 a 29 anos que não estudavam nem trabalhavam na Bahia, em 2016, 36,4% (cerca de 371 mil) estavam procurando trabalho e, por isso, eram considerados desocupados. Já 63,5% dos que não trabalhavam nem estudavam (647 mil pessoas aproximadamente) não estavam sequer buscando uma ocupação, ou seja, estavam fora da força de trabalho.
Para o Brasil como um todo, essas proporções não eram muito diferentes: 38,4% dos “nem-nem” estavam procurando trabalho e 61,6% estavam fora do mercado.
Em nível nacional, há informações sobre o principal motivo pelo qual os jovens de 16 a 29 anos que não estudavam nem estavam ocupados não tinham tomado providência para conseguir trabalho – e elas se diferenciavam entre homens e mulheres.
Entre os homens não haver uma ocupação na localidade era a razão mais citada (por 44,4%), uma justificativa diretamente ligada a questões do mercado de trabalho em si. Já para as mulheres, a justificativa mais citada foi ter de cuidar dos afazeres domésticos ou do cuidado com filhos ou outros parentes (citada por 34,6%).
Seis em cada 10 jovens baianos trabalhavam na informalidade
Na Bahia, a informalidade no mercado de trabalho não apresentava desigualdades significativas entre homens (56,9% eram informais) e mulheres (53,8%) nem entre brancos (56,8%) e pretos ou pardos (55,3%), mas era bastante diferenciada por faixa etária, sendo bem maior entre trabalhadores mais jovens e mais velhos.
A informalidade chegava a 71,9% dos trabalhadores baianos com 60 anos ou mais de idade (frente a uma média nacional de 54,5%) e a 61,5% daqueles que tinham entre 16 e 29 anos de idade (no Brasil, esse percentual era de 41,6%). Para os jovens, essa informalidade cresceu sistematicamente a partir de 2013 (quando atingia 60,3% dos que trabalhavam).
Trabalhadores informais ganham menos da metade que os formais na Bahia, desigualdade é ainda maior entre as mulheres
Em 2016, no Brasil, os trabalhadores informais ganhavam 52,1% menos que os trabalhadores formais (R$ 1.169 contra R$ 2.021). Essa diferença era ainda maior na Bahia, onde os informais (R$ 753) tinham rendimento quase 60% menor (-58,4%) que os formais (R$ 1.287).
Tanto no país como um todo quanto no estado, essa desigualdade causada pela informalidade atingia seu pico entre as mulheres. Na Bahia, uma trabalhadora informal (R$ 559) ganhava 65,6% menos que uma trabalhadora formal (R$ 1.623); no Brasil, a diferença era de – 58,3% (R$ 866 era o rendimento das mulheres em trabalhos informais, contra R$ 2.079 das formais).
O rendimento das mulheres em trabalhos informais na Bahia (R$ 559) era o segundo menor do país, acima apenas daquele registrado no Piauí (R$ 487).
Em 2016, 1 em cada 5 baianos (21,7% da população ou 3,3 milhões de pessoas) viviam com rendimento domiciliar per capita até 1/4 do salário mínimo – o que equivalia a R$ 220 naquele ano. Perto da metade da população do estado (47,3% ou cerca de 7,2 milhões de pessoas) tinha rendimento domiciliar per capita até 1/2 salário mínimo (ou R$ 440 em valores de 2016).
Eram proporções muito acima da média nacional (10,8% até 1/4 do salário mínimo e 29,9% até 1/2 salário mínimo) e entre as maiores do país. Por outro lado, menos de 5% dos baianos (4,1% ou 625 mil pessoas) tinham rendimento domiciliar per capita maior que 3 salários mínimos (acima de R$ 2.643 naquele ano) – menos da metade da média nacional (9,3%).
Adotando-se o padrão do Banco Mundial para linha de pobreza monetária em países como os da América Latina, de 5,5 dólares por dia em paridade de poder de compra (PPC), chegava-se, para a Bahia, a um valor limite de R$ 383 para o rendimento domiciliar per capita, abaixo do qual as pessoas seriam consideradas pobres. No estado, em 2016, 4 em cada 10 pessoas (42,5%) viviam abaixo dessa linha.
Era o oitavo maior percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza entre os estados brasileiros, bem acima da média nacional (25,4%) e quase cinco vezes o valor encontrado em Santa Catarina (9,4%), onde estava o menor percentual.
O estudo ainda mostra que, na Bahia, pouco mais de 1 em cada 10 pessoas (11,4%) residia em domicílios com aos menos uma condição inadequada de moradia, sendo o adensamento excessivo (quando há mais de 3 moradores por dormitório) e a ausência de sanitário ou banheiro de uso exclusivo do domicílio os mais frequentes (realidade para 4,7% e 3,6% dos baianos, respectivamente).
No estado, em 2016, quase metade da população (47,1% dos baianos, ou 7,2 milhões de pessoas) vivia em domicílios sem acesso simultâneo aos três serviços de saneamento básico (abastecimento de água por rede geral, coleta direta ou indireta de lixo e esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial), proporção maior que a média nacional (37,9%).