No último dia 24 de fevereiro completou um ano que o Banco do Brasil de Valente deixou de ter atendimento normal, após ter sido danificado quando criminosos arrombaram o cofre da referida instituição.
Cerca de 60 dias depois foi reaberto, mas com atendimento básico como um simples posto bancário, não realizando qualquer tipo de transação que envolva numerário (saques e depósitos em dinheiro, por exemplo) obrigando os correntistas e aposentados irem até Santaluz ou Retirolândia, que ficam a aproximadamente 20 e 16 quilômetros, respectivamente e até mesmo Coité 27 km.
De acordo com o vereador Lomanto Queiroz a decisão da superintendência em transformar a agência em posto bancário não trouxe nenhuma vantagem para a população, pelo contrário, vem causando sérios prejuízos e diante dessa situação, na condição de representante do povo, colocou como principal meta do seu mandato a reabertura plena para voltar ao atendimento oferecendo todos os serviços como ocorreu ao longos dos seus 40 anos de existência na cidade.
“Mesmo depois da luta coletiva através da via administrativa quando encaminhamos a Superintendência de Juazeiro e Salvador, ofícios de clamor pela reabertura da agência e assinados por todos os vereadores e também pelo atual prefeito Marcos Adriano, em comunhão de forças junto com a Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL de Valente, representada pela atual presidente Romilce Pereira Lima, repercutiu que o banco já havia decidido que não mais abriria, não me conformei”, disse o edil.
Queiroz não se deu por vencido, no primeiro dia de dezembro de 2017 resolveu mover uma Ação Civil Pública em em mais uma tentativa de solucionar o problema e primou pelo ‘último cartucho da carabina’ que é a via judicial. Ele chamou a CDL e em litisconsórcio se uniram para entrar com uma Ação.
A esperança do vereador de ter o banco de volta começou a surgir há uma semana quando a justiça, através de despacho do Juiz substituto da comarca de Valente Marcos Adriano Silva Lêdo, avaliando a ação atendeu ao pedido liminar, determinando a retomada das atividades em 30 dias sob pena de multa arbitrada em R$ 50 mil em caso de descumprimento, porém cabe recurso e o banco pode recorrer. A audiência está marcada para 12 de abril do corrente ano.
O Calila Noticias esteve em Valente na última terça-feira, 27, para ouvir algumas pessoas e representantes de entidades sobre as mudanças ocorridas na economia da cidade um ano depois.
A nossa equipe esteve numa loja de confecções de propriedade da presidente da CDL Romilce Lima, onde funciona um dos três correspondentes do banco em toda cidade há 3 anos. Romilce disse ao CN que o serviço prestado é apenas um paliativo sem muitos recursos que realiza apenas pagamentos, saques e depósitos, mas diante do fraco movimento do comercio, muita gente vai tentar fazer saque e não consegue até mais de três vezes por dia, “o dinheiro que pagamos saque é do cliente que deposita ou paga alguma conta, se isso não acontecer não temos como fazer nada” afirma a comerciante.
Ela disse que a situação é mais difícil para os aposentados que muitos deles não conseguem mais viajar para outras cidades onde têm agencias.”Então, diante dessas dificuldades para atender os clientes, trabalhamos no risco por falta de segurança, o que reforça nossa luta para sensibilizar as autoridades no sentido de reabrir a agência e a gente vem de uma luta desde agosto do ano passado quando reunimos em quanto CDL, quinze associações, enviamos a solicitação para Juazeiro, três sites do banco e não obtivemos resposta.A gente fica triste porque é uma agencia de 40 anos na cidade e nunca teve prejuízo, além da população, o comercio está parado, porque se as pessoas se deslocam para outra cidade para fazer a movimentação lá mesmo deixam o dinheiro e no caso de Valente com o baixo movimento vem o desemprego”, afirmou a lojista e presidente da CDL.
A aposentada Erotildes Alves da Silva esteve na loja de Romilce para realizar saque e por sorte a quantia não era tão grande e conseguiu. Nossa equipe perguntou porque ela não usava o cartão de débito, já que a maioria das lojas atendem e ela disse que a mercadoria fica mais caro. Citou o caso de uma farmácia que o remédio estava sendo cobrado R$ 55 caso ela pagasse em dinheiro, mas se passasse o cartão teria que ser no valor de R$ 60. ” Ter que pagar cinco reais mais caro eu prefiro dar duas a três viagem aqui para sacar e se não tiver venho no outro dia”, afirmou a aposentada.
O empresário Geraldo Oliveira lembra da abertura do banco há quatro décadas, foi um dos primeiros a abrir conta em Valente.Ele disse que alcançou o banco com 50 funcionários e hoje tem apenas quatro.” A situação tende a piorar mais ainda, o governo quer acabar com o Banco do Brasil em Valente e não tem motivos, pois aqui o dinheiro circula. O Sicoob é o responsável por mais de setenta por cento da receita em Valente, o Bradesco querendo se expandir, a Caixa quer aumentar sua capacidade e o Banco do Brasil agindo dessa forma. Na semana passada saiu uma reportagem que o Banco do Brasil teve um lucro exorbitante, registrou lucro líquido ajustado (resultado sem itens extraordinários) de R$ 11,1 bilhões em 2017, valor 54,2% maior que o verificado em 2016, e porque querem fechar o de Valente que nunca teve prejuízo, isso é o que ninguém entende”.Concluiu.
O CN esteve também no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares de Valente para ouvir a posição da entidade através da presidente Juvanda Gomes dos Santos, e ela lamentou principalmente pelos aposentados moradores da zona rural que estão acostumados em ter o dinheiro em espécie para honrarem seus compromissos e enquanto o Banco funcionava normalmente o sindicato disponibilizava um funcionário para ajudá-los nos terminais de auto atendimento, “e agora sem numerário, ou melhor sem terminais, já que foram tirados complicou ainda mais, os aposentados e pensionistas estão vindo para os Sindicato para saber qual cidade pode ir na certeza que vai ter o dinheiro e muitos acabam sendo roubados. O fechamento é o perda muito grande, enquanto representante sindical posso afirmar que temos mais de cinco mil aposentados com cartão do Banco do Brasil esperando ansiosamente pela reabertura”, afirma Juvanda.
O vereador Lomanto Queiroz usou a Tribuna da Câmara para falar do assunto pela primeira vez após a liminar da Justiça. Segundo ele ficou muito feliz porque surge no fundo do poço a esperança que Valente volte ter a operação do Banco do Brasil em sua plenitude, pois, a agencia sempre foi superavitário até maior que a agência de Santaluz.
“Segundo gerentes que trabalharam aqui, a agencia nunca sofreu calote da população, sofreu o arrombamento, mas não justifica o que o banco alega em resposta ao requerimento, que há um risco eminente dos poupadores e correntistas de um modo geral com relação a assaltos. Mas quem tem que da segurança é o próprio estado, pois é dever dele, e a população não pode pagar mais esse preço, ficando a agencia fechada e o comercio parado, outros baixando as portas e demitindo funcionários em decorrência da perda de vendas de capital porque nossos munícipes estão saindo para sacar fora da cidade e deixando o dinheiro em outras cidades”, afirmou o vereador que disse está agora com as atenções voltadas para o dia 12 de abril quando haverá audiência para tratar do assunto e espera desde já uma resposta positiva do banco.
Redação CN