Todos os anos, durante a Quaresma, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta a Campanha da Fraternidade. “Fraternidade e superação da violência” é o tema da Campanha para a Quaresma, em 2018. O Evangelho de Mateus inspira o lema: “Vós sois todos irmãos (Mt 23,8).
A CAMPANHA tem como objetivo geral: “Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”. Sofremos e estamos quase estarrecidos com a violência. Hoje, temos corrupção, morte e agressividade nos gestos e nas palavras.
DE ACORDO com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência se caracteriza pelo uso intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas. Mais de um agressor e mais de uma vítima podem tomar parte em tal evento. Essa violência pode ser resultado em dano físico, sexual, psicológico ou morte.
A VIOLÊNCIA se agrava com a miséria. A fome é uma grande forma de violência. No mundo a cada sete segundos morre uma criança de fome. Calcula-se que cada dia morrem cem mil pessoas de fome ou de suas conseqüências. No entanto, a violência é mais profunda do que os efeitos da miséria. Ela está ligada ao ódio, à vingança, à cobiça de riquezas, ao dinheiro, à disputa pelo poder, a filmes, novelas e seriados violentos que ensinam a roubar, matar e agredir.
NESTA Campanha da Fraternidade desejamos refletir a realidade da violência, rezar por todos os que sofrem violência e unir as forças da comunidade para superá-la. Vamos lançar um olhar também para os rumos e os impasses que, há décadas, vêm dominando as políticas públicas de segurança. Os índices da violência no Brasil superam, significativamente, os números de países que se encontram em guerra ou que são vítimas freqüentes de atentados terroristas.
O PROFETA Isaías adverte que “a verdadeira paz é obra da justiça” (Is 32,17). Portanto, a defesa da vida e da justiça passa pelo emprego, direito à terra, à saúde, à educação e a moradia. Passa pelo combate à praga da corrupção. E tudo isso dentro de uma cultura do diálogo, do perdão e da consciência do valor do ser humano. Jesus nos diz: “Felizes os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5,9). “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz” (Jo. 14, 27).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito