Em sua primeira agenda pública após ser confirmado como vice de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência, o general da reserva Antonio Hamilton Mourão disse, nesta segunda-feira, que o brasileiro herdou a “indolência” do índio e a “malandragem” do negro. A declaração foi feita durante uma reunião na Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Caxias do Sul, na serra gaúcha. Ao GLOBO, o militar afirmou que não vê racismo em sua opinião.
Em sua declaração, o general disse que o brasileiro também tem uma tendência a querer privilégios, segundo ele, uma característica herdada dos povos ibéricos, referindo-se à colonização portuguesa. De acordo com Mourão, esses atributos dificultam o país transformar seu “porte estratégico” em poder. O militar ainda defendeu que o Brasil supere seu “complexo de vira-lata”.
— Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem, Edson Rosa [vereador negro presente na mesa], nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso caldinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas — disse Mourão, conforme noticiou o site da revista Veja.
O vice de Bolsonaro confirmou ao GLOBO sua declaração. Segundo ele, não há racismo em suas palavras, uma vez que ele mesmo é indígena.
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— Isso é a realidade que a gente vê em alguns lugares. Isso faz parte do DNA do brasileiro. Nós não somos nenhuma raça pura. Somos uma amálgama dessas culturas — disse Mourão.
A pré-candidata à Presidência pela Rede, Marina Silva, criticou general Mourão em sua conta no Twitter: “Extremismo e racismo são uma combinação perigosa. Não podemos tolerar racismo numa corrida presidencial”, escreveu.
— Não há nenhum tipo de racismo na minha declaração. Como eu mesmo disse, eu também sou indígena — rebateu o militar.
O Globo