Em meio a uma pesada artilharia verbal de ódios e, pior ainda, do exercício das vias de fato, tudo em nome de insanos alinhamentos ideológicos, malferindo o conceito de ideologia, nos aproximamos do que deveria ser a data magna da democracia. Deveria, mas tudo leva a crer que o dia 07 de outubro de 2018 entrará para a história como uma daquelas datas comemorativas a insensatez coletiva nacional.
Em tempos passados, escrevi um artigo intitulado LEMBRE PRIMEIRO DO VEREADOR, no qual abordava a importância das Câmaras Municipais na vida de uma cidade, mas apontava o quanto a escolha do vereador era relegada a um plano inferior. Pois bem, tudo quanto ali fora dito continua atualíssimo, apenas ganha dimensão nacional. Com licença da ousadia: quem é o seu escolhido para a Assembleia Legislativa e/ou para a Câmara Federal?
Como soe acontecer, os debates eleitorais (neste ano pode me chamar tatame eleitoral) gira entorno das eleições majoritárias, parecendo que os Legislativos não têm grande importância. E o saldo disso tudo é a confirmação do que profetizara o Dr. Ulyssis Guimarães: pior do que esta legislatura, só a próxima.E ao que tudo indica, desta vez não vai ser diferente.
Enquanto duas legiões de eleitores se digladiampela Presidência da República e o centro democrático não conseguiu oferecer a reconciliação nacional, muita gente boa(?) está aí, com os mesmos métodos de sempre, garantindo seu lugar no balcão da Praça dos Três Poderes. E o que já se anuncia é que, ganhe quem ganhar a eleição presidencial, o grande vencedor será o velho (veacotambém pode) e incansável centrão, pronto para, em nome da governabilidade, naquela base…estar na base do próximo Governo.
Há um discurso que muito contribui para isto:é tudo farinha do mesmo saco. A partir dele, não se busca uma diferenciação entre os candidatos. Aí entra o vale tudo eleitoral, E na sua sombra, aqueles que angariam votos por meios nada republicanos, conseguem formar o chamado baixo clero, responsável por feitos históricos, a exemplo da eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados, de estadistas como Severino Cavalcante e Eduardo Cunha.
Como recordar é viver,vamos a outros fatos protagonizados por este clerical segmento parlamentar. Se a Emenda da Reeleição foi aprovada cercada de suspeitas, quem garantiu sua aprovação? Quem foi para a prateleira sem nenhuma cerimônia nostempos do mensalão?
E para aqueles que pensam que essas coisas não lhes afetam, vamos a mais fatos. De onde vieram os votos que aprovaram a reforma trabalhista? E de onde viriam ou virão os votos para aprovar a reforma da Previdência?
Pois bem, a confirmar-se as pesquisas mais recentes, qualquer das candidaturas vitoriosas não trará consigo uma base parlamentar sólida. Também não terá capacidade para realizar uma ampla concertação nacional. Aí mais uma vez o baixo clero será chamado ao seu já costumeiro dever cívico de garantir a governabilidade, o que sem sombra de dúvidas tem se dado com grande desprendimento.
Se, ao que tudo leva a crer, a insensatez nos conduz a um futuro incerto, mais do que nunca, é preciso rever os critérios, ou melhor, adotar critérios para a escolha dos congressistas. No nosso sistema político, a divisão dos Poderes é como um sistema de pesos e contrapesos, onde o Legislativo deve freiar o Executivo.Porém, como que fizermos nas urnas, em lugar de freios e contrapesos, teremos apenas um acelerador de pesos. E o contra? Bem, aí só Deus salva nossas cabeças.
MARIO LIMA
ADVOGADO E PROCURADOR DO ESTADO DA BAHIA