Durante sua participação no Festival EcoArte Itaitu, em Jacobina, no último sábado (21), o cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo se manifestou politicamente contra Jair Bolsonaro (PSL) e seu vice, general Hamilton Mourão. “Olha, é uma coisa indignante, cara. Eu fui preso duas vezes na ditadura, fui torturado, você não sabe o que é tortura não. Esse Mourão era um dos torturadores lá”, declarou o artista.
“Eu fico impressionado o povo brasileiro não prestar atenção nas evoluções humanas. Olha, eu não sei se isso aqui vai entrar em algum choque com a prefeitura, coisa e tal, mas é o meu sentimento de indignação em relação com o que pode acontecer com o Brasil”, acrescentou o músico, ganhando aplausos da plateia.
“E essa alegria toda que está tendo aqui vai se perder, vocês estão sabendo disso. O Brasil vai ficar muito ruim se esse cara ganhar”, finalizou Geraldo Azevedo, emendando com a canção “Sétimo Céu”, que tem versos como “Pois quem tem amor/ Pode rir ou chorar”.
General rebateu dizendo que calúnia cabe um processo
O general Hamilton, rebateu, nesta terça-feira, 23, as acusações do cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo. “Cabe um processo, pois o tal Geraldo Azevedo me acusa de tê-lo torturado em 1969. Eu era aluno do Colégio Militar em Porto Alegre. Nunca vi uma mentira tão ridícula”, contestou Mourão, em entrevista ao blog de Andréia Sadi, no G1.
Ainda à publicação, a assessoria de comunicação do cantor divulgou uma nota para se desculpar pelo equívoco. “No último fim de semana, Geraldo declarou em um show no interior da Bahia que o general Mourão era um dos torturadores da época de suas prisões. No entanto, o vice-presidente do candidato Jair Bolsonaro não estava entre os militares torturadores. Geraldo Azevedo se desculpa pelo transtorno causado por seu equívoco e reafirma sua opinião de que não há espaço, no Brasil de hoje, para a volta de um regime que tem a tortura como política de Estado e que cerceia as liberdades individuais e de imprensa”, diz o comunicado oficial.
Haddad fez declaração pra ser solidário a Geraldo Azevedo e também acabou mentindo
O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, não poupou hoje (23) críticas à campanha adversária de Jair Bolsonaro (PSL) e também ao vice na chapa dele, general Hamilton Mourão. O petista chamou Mourão de “torturador” e disse que Bolsonaro “nunca teve importância no meio militar”.
“[Bolsonaro] Figura completamente desimportante no meio militar. Mas o Mourão, por exemplo, ele próprio foi torturador. Geraldo Azevedo declarou em um show que foi pessoalmente torturado pelo Moruão. Ver um ditador na condição de eminência parda de uma figura como Bolsonaro deveria causar temor em todos os brasileiros minimamente comprometidos com o Estado Democrático de Direito”, disse Haddad durante sabatina promovida pelas Organizações Globo, reunindo profissionais dos jornais impressos, sites e emissoras.
Ao fazer a afirmação, Haddad se baseou em declaração do cantor Geraldo Azevedo, que foi uma das vítimas da ditadura militara e que Mourão estava entre os torturadores. Porém, o próprio artista, que fez a declaração em um show no final de semana, veio a público nesta terça-feira (23) para dizer que se equivocou.
Haddad diz que “fonte fidedigna” motivou declaração sobre Mourão
No Rio de Janeiro, o candidato Haddad justificou hoje ter chamado o candidato a vice presidente pelo PSL general Hamilton Mourão de “torturador”, ao dizer que se baseou em uma declaração equivocada do cantor Geraldo Azevedo. Ele disse que achou que sua fonte de informação era “fidedigna” e que estava prestando solidariedade ao artista que foi preso e torturado durante a ditadura.
“Dei ao público uma informação que chegou a mim de uma fonte fidedigna. Geraldo Azevedo realmente foi torturado e realmente disse que tinha sido torturado pelo Mourão. Eu me solidarizo com ele porque todas as pessoas que foram torturadas estão sujeitas a ter esse tipo de confusão mental. Ele foi vítima de violência extrema. Mas o esclarecimento dele também tem que ser dado ao público”, disse Haddad.
Haddad disse que levar ao público o desmentido é uma prova de boa fé. “Eu dei a fonte. Eu não peguei empresários corruptos com dinheiro sujo para soltar essas afirmações na internet. Falei com a cara limpa em um programa e foi esclarecido. Isso não tira o fato de que o Mourão, quando passou para a reserva, disse com todas as letras que o torturador Ustra era uma de suas referências.”
CN * Fontes extraídas do Bahia Noticias, Augusto Urgente e Agência Brasil