Oi é uma expressão, uma interjeição, uma saudação, chamamento, resposta ou mesmo questionamento sobre algo dito e não entendido. O significado de Oi passou a ser também de uma empresa que se apropriou da sua empatia e nobreza popular para transformá-la num sinônimo de coisa ruim, sem certeza. Sinônimo de estresse ou extase ou agonia. Já pinoia é um adjetivo que significa sabe-se lá, sei lá, sem graça, logro, sem valor, sem apelo. Pois a Oi Telefonia está conseguindo acabar com meu élan. Já estou pensando em pedir a um médico amigo uma cartela de Rivotril. Fui falar do assunto numa rede social e recebi centenas de mensagens contando coisas terríveis que a Oi faz, mas duvido que alguém consiga bater meu handicap.
Nos últimos cinco dias, perdi a conta, mas acho que já falei com umas 16 pessoas da Oi pelo 10331 ou pelo número que atende celular. Já gastei mais de cinco horas com a Oi. Em cinco horas da minha vida eu poderia ter assistido metade da série Lúcifer no Netflix ou assistido Carola gritar com a cabeça raspada: “Marisqueira dos infernos” e Laureta matar mais uns dois ou três do seu puteiro. Em cinco horas da minha curta vida poderia escrever uma música, um conto, tirar um bom sono, curtir a praia, assistir três filmes no shopping, almoçar com os amigos, jogar quatro partidas de tênis ou simplesmente ficar na varanda de casa vendo a maré encher ou vazar. Ler por inteiro, por exemplo, “Farda, fardão, camisola de dormir”, do velho e indizível Jorge Amado. Ou “Cândida Erêndira e sua avó desalmada”, de Gabriel Garcia Marques.
Mas, não, estou envolvido com a Oi dos infernos, como diria Carola, a “Baby Cat” de Segundo Sol. Minha saga com a Oi Telefonia começou quando descobri que estava pagando uma pequena fortuna pelo uso de uma linha fixa, um celular e uma banda larga de apenas 10 mil megas. Fiz novo contrato para garantir mais ligações e menos custos e mais velocidade e quando fui ver a Oi tinha me engabelado e ao invés de 20 megas colocou no contrato 15 megas e quando fui medir no RJ Net não estregava nem 9 mil. Chiei e a moça do telemarketing me propôs mudar o plano por um mais barato ainda e me facultando 25 megas de velocidade do Velox. Foi meu maior erro.
Como se dizia antigamente: “Banana madura/Na beira da estrada/ Tá bichada, Zé/Ou tem maribondo no pé”. E o “Marimbondo me mordeu/Me mordeu foi no umbigo/Mas, se fosse mais baixo o caso tava perdido…” Quando a menina do telemarketing me disse que estava tudo certo, que mudara meu plano de telefonia o satanás mostrou chifre, enxofre, bafo e rabo. Já fiquei sem internet, sem fixo, sem o escambau. E começou meu périplo pela grande jornada que é ser atendido pelos atendentes da Oi. A primeira me deixou falando sozinho. O segundo caiu, disse que ia ligar de volta e me esqueceu nas ondas telemétricas. Outra também me deixou esperando. Mais uma não entendeu nada quando eu disse que na quinta passado foi marcada a ida de um técnico para trocar o equipamento Velox entre as oito horas e o meio-dia do dia 29. Ninguém apareceu, nem ligou, nem mandou sinal de fumaça nem bilhete na garrafa. Liguei e depois der ser atendido por várias atendentes que me passavam sempre para o “setor especializado” uma disse que estava remarcando, mas que não tinha como me dizer a data.
– Porque, minha senhora? – Perguntei
Ela: – Dependo do supervisor para liberar!
Eu: – Cadê o supervisor.
Ela: Tem mais não! Todos foram embora às 18 horas.
Fiquei pasmo e gago. Como uma empresa de comunicação telefônica opera em horário comercial num área tão específica? Amadorismo, só pode. Ou “Não tô nem aí!”. Ontem liguei o dia inteiro e o que estava certo anteontem não valia mais. Marcaram – pois desta vez era o supervisor que não sabia o que fazer – para em 48 horas alguém me ligar para dizer quando alguém vai ligar para colocar linha (ruído, claro), em meu fixo; dados em meus dados móveis e velocidade no meu Velox (se eu conseguir o básico que é ter internet). Pior que não posso dizer “cancele essa pinoia”, pois o contrato – me disse a moça – reza uma multa de R$500.
E depois a Oi me liga para pesquisa:
– Seu problema foi resolvido?
– Não!
– De zero a dez qual a nota para o atendimento?
– Zero!
– Você indicaria a Oi para um amigo?
– NÃO. Nem que ele tenha enviado ou compartilhado fake News nas eleições. Não merece tanta punição.
Que pinoia. Devolvam meu sinal. Oi! Entendeu?
Escritor e jornalista: [email protected]