De um mero passatempo de alguns entusiastas no início dos anos 2000, o poker cresceu de maneira explosiva até se consagrar como um dos principais esportes brasileiros. Essa história envolve diversos fatores e aqui vamos explicar um pouco da trajetória desse esporte da mente que conquistou o país.
O jogo de poker tem dois estilos principais, Texas Hold’em e Omaha. E uma das principais razões por trás do sucesso do esporte é como é fácil aprender as regras de ambos e começar a jogar.
No Texas Hold’em, modalidade mais popular desse esporte, cada jogador recebe duas cartas viradas para baixo, chamadas de “cartas fechadas”. Então, no decorrer de uma rodada, mais cinco cartas são distribuídas com a face para cima no meio da mesa.
Essas cartas viradas para cima são chamadas de “cartas comunitárias”, porque cada jogador pode combiná-las com suas próprias cartas para fazer a melhor mão de poker de cinco cartas possível.
As cinco cartas comunitárias são distribuídas em três etapas. As três primeiras três cartas comunitárias são chamadas de “flop”. Em seguida ocorrem duas etapas, chamadas respectivamente de “turn” e “river”, em que só uma carta comunitária é colocada na mesa.
O Omaha é parecido, mas conta com algumas diferenças que podem torná-lo mais atraente para jogadores com um perfil mais aberto. Assim como no Hold’em, os competidores também recebem suas próprias mãos viradas para baixo e combinam essas cartas com as cinco comunitárias para formar a melhor mão possível.
A grande diferença entre as duas modalidades é o fato de que enquanto na Hold’em os jogadores recebem duas cartas fechadas, na Omaha eles recebem o dobro de cartas fechadas e devem escolher duas delas para montar suas mãos de cinco cartas.
Essas duas cartas extras aumentam muito o número de combinações possíveis para as mãos dos competidores entre as cartas fechadas e as cartas comunitárias, um fato que costuma atrair atletas que gostam de rodadas com mais variedade e mãos mais altas.
A simplicidade aparente do poker torna esse esporte muito fácil de aprender e começar a praticar, ao mesmo tempo em que nos seus níveis mais avançados ele fica surpreendentemente difícil de dominar.
Esse fato que faz com que esse esporte da mente seja atraente tanto para competidores amadores, que disputam partidas amistosas para relaxar, quanto para competidores profissionais, que participam de competições acirradas e proporcionam verdadeiros duelos de habilidade em frente de milhares de pessoas.
Diversas modalidades esportivas ganharam mais espaço, mas o crescimento do pokerbrasileiro foi tão grande e distinto que até mesmo já ocorreram debates no início do ano em relação a sua possível classificação como esporte olímpico.
No VII Seminário de Gestão Esportiva FGV/FIFA/CIES, nomes importantes do poker brasileiro como Andre Akkari, um dos maiores atletas brasileiros do esporte, Igor Federal, fundador da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH) e Patrick Nally, presidente da Federação Internacional de Poker (IFP) e ícone do marketing esportivo global,foram apenas alguns dos palestrantes que abordaram o poker como um potencial esporte olímpico.
“O Brasil já tem cerca de 8 milhões de jogadores e 500 clubes registrados. O Brazilian Circuit of Poker (BSOP), um dos maiores campeonatos de poker do mundo, distribui mais de US $ 15 milhões por ano em prêmios, o mesmo que a CBF no Copa do Brasil “, afirmou o professor da FGV Pedro Trengrouse, que também estava presente no evento.
Criado em 2006, época em que o esporte contava com apenas algumas centenas de entusiastas espalhados por todo o país,o BSOP teve um início humilde antes de se tornar parte integral do cenário global do esporte.
Para se ter uma ideia do tamanho do crescimento do poker e do circuito nacional por aqui, basta mencionar o fato de que na primeira edição, o torneio teve uma média de apenas 60 participantes por etapa, um número que aumentou mais de dez vezes na última década.
Atualmente essa série de competições já passou da sua décima temporada e quebrou diversos recordes, com direito a feitos impressionantes e dignos de nota.
A etapa final do circuito em 2014 contou com aproximadamente 3.000 participantes e fez com que a competição atingisse o status de segundo maior torneio de poker de todo o mundo. Um fato histórico que sedimentou de vez o BSOP como o maior evento de poker na América Latina.
O crescimento do poker também conta com a participação de grandes estrelas de outros esportes. Inclusive, os famosos jogadores de futebol Ronaldo “Fenômeno” e Neymar são fãs confessos da modalidade.
Recentemente Neymar terminou em sexto lugar em um evento do já mencionado BSOPcom 288 participantes. O jogador conquistou mais de US$ 200 mil antes de finalmente se despedir nos últimos estágios do torneio, tendo se inscrito para jogar juntamente com outros cinco amigos que obtiveram resultados mais modestos.
Depois de passar por uma final de nove competidores, Neymar foi finalmente eliminado após quatro horas, mas parece ter aproveitado a experiência.”Estou muito feliz por jogar este torneio pela primeira vez e por chegar à final com alguns grandes jogadores”, disse ele antes da final começar.
Gabriel Jesus do Manchester City e o ex-atacante do PSG Nenê também competiram em eventos da BSOP na mesma semana, um fato que mostra como o poker é popular entre os futebolistas.
De entusiastas amadores até competidores profissionais, campeonatos de renome internacional e jogadores famosos, a história do poker no Brasil até agora é repleta de sucessos. E como todos os indícios mostram que não há qualquer sinal de diminuição, o futuro do esporte no país é muito promissor.
Por: Luiz Cuña