Uma das mulheres que acusam o médium João de Deus de abuso sexual cometeu suicídio nesta quarta-feira (12). A informação foi publicada pela jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.
“Ela se desesperou quando viu que ele foi trabalhar hoje (ontem) de manhã. A família da vítima nunca acreditou nos relatos de abuso. São todos seguidores do médium”, informou a ativista social Sabrina Bittencourt.
O advogado de Sabrina a orientou a não divulgar nenhum detalhe sobre a morte da vítima.
O Ministério Público de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium nesta quarta. A medida foi tomada cinco dias depois da divulgação dos primeiros relatos de mulheres que dizem ter sido agredidas pelo médium, que atrai mensalmente cerca de 10 mil fiéis – 40% estrangeiros – para Abadiânia (GO).
Até ontem, 258 mulheres em todo o país procuraram o Ministério Público para denunciar abusos. O aparecimento de casos ganhou força depois da divulgação pela TV Globo de depoimentos a respeito, no programa Conversa com Bial.
Choro, angústia e calma
O gerenciador de crise Mário Rosa foi chamado para auxiliar João de Deus. Horas antes de se tornar público o pedido de prisão, Rosa ponderava que todo o processo deveria respeitar um “marco de objetividade”, com condução cautelosa para se evitar julgamento apressado. Pela descrição de Rosa, desde que os depoimentos das mulheres se tornaram públicos, o líder espiritual alterna momentos de choro e angústia com calma.
Ao voltar a Abadiânia, João de Deus estava visivelmente abatido. Trajando uma camiseta branca e calça jeans, ficou menos de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, onde atende os fiéis.
Cercado por funcionários da casa e voluntários, ele não falou com a imprensa. Fez um pronunciamento rápido para poucos fiéis, disse ser inocente e estar à disposição da Justiça. “João de Deus está vivo”, afirmou. A rápida visita foi marcada por tumulto, gritaria e aplausos. Fiéis, ao ver o líder espiritual reaparecendo na Casa, aplaudiram. Funcionários, por sua vez, tentavam impedir que João de Deus parasse para conversar com jornalistas. Houve empurra-empurra.
Fonte: Correio