Inácio Carneiro dos Santos pode não ter seu nome marcado na memória do torcedor do São Paulo, muitos talvez pensem nele apenas como o lateral esquerdo do Guarani, adversário desta quinta-feira, no Pacaembu, às 21h (de Brasília), pelo Campeonato Paulista.
Em 2016, ele e Luizão, outro jovem da base, foram envolvidos pelo São Paulo na negociação com o Porto pela compra definitiva do zagueiro Maicon, o “Deus da Zaga”, como o defensor era chamado até aquele momento.
Inácio saiu do Brasil sem ter jogado profissionalmente.
“Cara, hoje eu olho isso e penso: não tem um mês que eu estou de volta ao Brasil e já vou jogar contra o clube que me formou, que me apresentou para o mundo! Vou rever amigos e a torcida que batia palma pra mim”, disse Inácio para o ESPN.com.br.
Hoje são poucos remanescentes da época em que Inácio defendeu o time tricolor. Apenas o atacante Brenner e o zagueiro Rodrigo, que ainda não foi aproveitado pelo técnico André Jardine no Estadual, ficaram. A turma do lateral esquerdo foi bem marcante e contava com David Neres (hoje no Ajax), Luiz Araújo (Lille), Lucas Fernandes (Portimonense) e Paulo Boia (também no Portimonense).
“Ainda tive contato com o Liziero e o Luan, convivi muito com eles em Cotia. Dei trote neles. Mas não cheguei a jogar junto porque eu era de uma turma mais velha”, relembrou Inácio, aos risos.
A oportunidade de enfrentar o São Paulo não é vista apenas com um olhar saudosista pelo lateral. Ele encara a chance que está tendo neste retorno ao Brasil como uma forma de mudar a própria história. Quer deslanchar e abrir mais portas.
“Estou emprestado ao Guarani pelo Porto. É um recomeço. Não tive a chance de jogar como profissional no Brasil. Sai daqui com 19 anos. Ter essa oportunidade no Paulistão, que é o melhor Estadual do Brasil, é um recomeço da minha trajetória no país”, disse.
A ida ao Porto em 2016 deveria ter sido a grande oportunidade da vida de Inácio. Mas o destino não foi bem como ele gostaria. O lateral foi enviado para a equipe B do clube português. E quando teve a chance na equipe principal…
“Fiz um jogo só pela equipe profissional do Porto e o treinador não quis me aproveitar. Ele tinha outros para a minha posição. Aí fui empestado para o Portimonense, que tem muitos brasileiros. Tive um ano terrível, com lesões até o pé. Não foi uma passagem boa. Aí voltei para o Porto e novamente para a equipe B. Queriam que eu ficasse ali ou procurasse novos ares. Optei por sair”, disse o jogador.
Mudanças abruptas não foram novidade na vida de Inácio. Ele nasceu em Conceição do Coité, no interior da Bahia. Jogou futebol em escolinhas locais e escolinhas ligadas aos times do Rio de Janeiro. Não teve evolução e pensou em desistir do futebol.
“Aí surgiu uma possibilidade no Bahia por meio de um tio, que tinha contato lá dentro. Fui fazer teste com 14 anos. Passei e fiquei. Fiz um pouco da formação lá e depois cheguei ao São Paulo, onde tive tudo. Também fui campeão diversas vezes. Disputei Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro da categoria. Foi ali que retomei meu sonho de jogar futebol”, disse.
Por causa do encontro desta quinta, Inácio até voltou a alimentar um outro sonho, este da época em que treinava em Cotia.
“Já joguei uma Libertadores pelo São Paulo. Senti que é diferente e foi na base. Tenho o desejo de jogar uma Libertadores pelo time profissional. Deve ser incrível”, disse o lateral.
Fonte: ESPN