O DICIONÁRIO Aurélio define a depressão como “distúrbio mental caracterizado por adinamia (estado de prostração física e/ou moral; falta de forças), desânimo, sensação de cansaço, cujo quadro, muitas vezes, inclui ansiedade, em grau maior ou menor”.
SEGUNDO alguns estudiosos, há dois grandes tipos de depressão: aquela que pode ser padecida por uma pessoa, sem que ela tenha enfrentado algum grande problema e a que tem origem na perda de um bem, na ameaça de um mal ou na incapacidade de assumir a realidade que a envolve. Nos dois casos, o que caracteriza seu estado é a tristeza. A pessoa fica triste pela consciência de ser privada de um bem ou pelo medo de perdê-lo.
EM NOSSOS dias, uma das causas da depressão é o medo. Muitos se sentem inseguros, por causa das exigências no mundo do trabalho (medo de perder o emprego), na família (as brigas dos pais fazem nascer no coração dos filhos perguntas do tipo: “Será que eles vão se separar”?). O medo diante do futuro (“como será minha velhice?”) é mais uma causa da depressão. A insegurança faz nascer a angústia que pode desenvolver obsessões, fobias e depressão.
NAS ÚLTIMAS décadas, psiquiatras têm percebido que por baixo da depressão há, muitas vezes, falta de um sentido para a vida que é uma das causas do suicídio. Muitas pessoas não se sentem úteis e vivem sem fé. Curioso! Faz quase 16 séculos, alguém já havia observado: “Criaste-nos para ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” (Santo Agostinho).
A PESSOA humana é um ser transcendente, isto é, sente necessidade de relacionar-se com Deus e com os outros. Quando essa dimensão é ignorada, ele não se realiza. Criados por Deus e para os outros, não nos realizamos no egoísmo, na busca do poder e na satisfação dos instintos. Segundo a fé cristã, só nos realizamos no dom de nós mesmos. Jesus indicou o caminho da felicidade: passar a vida fazendo o bem a todos.
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito