Este é o título do projeto que vai conectar o grupo coiteense Som do Sisal, até a Pita-Escuela del Rio Aguas, na cidade de Sorbas/Espanha. Através de oficinas de luteria, os dois projetos aperfeiçoarão as técnicas peculiares de construção de instrumentos musicais com a madeira de Agave. Uma ação inovadora, de sustentabilidade e empreendedorismo na economia criativa com cooperação entre Bahia e Espanha.
Luteria é um termo bastante antigo utilizado para designar a arte de construir instrumentos musicais. Foi a partir deste ponto de convergência que os dois projetos se encontraram em buscas na internet. Projetos tão semelhantes em realidades bem distantes separados pelo atlântico.
Segundo relato do fundador do projeto Som do Sisal, Josevaldo Nim, a descoberta foi uma grata surpresa, pois o grupo já esteve no México, em 2017, país onde o sisal é nativo e se espalhou para o resto do mundo, e não encontrou registros de instrumentos construídos com a madeira do sisal.
Ainda de acordo com Josevaldo, depois de várias mensagens trocadas entre ele e Tim Bernhadt, fundador da Pita-Escuela, em dezembro de 2018, sempre com várias novidades a serem compartilhadas, ambos dispostos a se conhecerem de perto e compartilhar suas experiências. “Foi neste momento que o grupo teve a oportunidade de elaborar um projeto cultural para um edital de seleção pública na Bahia. Mesmo com a grande concorrência a proposta foi aprovada e recebeu o apoio financeiro do Governo do Estado, através do Edital de Mobilidade Artística e Cultural 2019 do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia”, disse o fundador do Projeto.
A viagem de intercâmbio acontecerá entre os dias 02 a 12 de Junho, levando o grupo coiteense formado por quatro integrantes: Webson Santana, luthier responsável pela construção dos instrumentos do projeto, Welson Ricardo, assistente de luteria, Artur Ariston, artista responsável pela estética dos instrumentos e também assistente de luteria, Josevaldo Nim, coordenador do projeto.
As atividades acontecerão no centro de educação ambiental Pita-Escueladel Río Aguas, uma organização sem fins lucrativos que está localizada no Sítio Natural Karst em Yesos de Sorbas, no deserto de Almería (Espanha), a área mais árida da Europa. Trata-se de uma iniciativa voltada principalmente para crianças e jovens, proporcionando uma educação ambiental baseada na criação artística, na natureza, na vida sustentável e na música. O projeto já tem 25 anos e uma larga experiência com o Agave.
A programação do intercâmbio prevê um passeio ao campo para coleta adequada de madeira de Agave; Uma abordagem da planta, a poda e seu cultivo, introdução à sua botânica; seu ciclo de vida, raízes, folhas, floração, truques de sobrevivência e adaptação a climas de zonas áridas, orientada pela equipe da Pita-Escuela; A realização de oficinas aperfeiçoamento das técnicas de construção de instrumentos; troca de experiências na construção com a madeira de Agave; Concertos musicais.
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE OS PROJETOS:
PITA-ESCUELA
Um centro de educação ambiental, uma organização sem fins lucrativos com 25 anos de experiência de trabalhos com Agave, no deserto da Espanha. Nos últimos 10 anos, a experiência do trabalho da Pita-Escuela tem mostrado um impacto positivo na criação de consciência ambiental em seus visitantes, o que move a instituição como um importante elemento no desenvolvimento de uma sociedade que pensa de forma sustentável e orientada para o futuro.
Sua especialidade é a madeira do deserto. O projeto criou uma ampla gama de instrumentos musicais e artesanatos de alta qualidade feitos com madeira selecionada de Agave (sisal), planta de origem mexicana, perfeitamente adaptada a climas desérticos. Este recurso 100% sustentável é coletado uma vez que a planta tenha terminado seu ciclo de vida e esteja completamente morta, um aspecto que a torna uma ferramenta ideal para fins educacionais.
Devido a sua baixa demanda por água e fertilidade do solo, e sua ampla variedade de subprodutos, hoje em dia os projetos com Agave têm grandes benefícios ambientais, econômicos e sociais em áreas semi-áridas em todo o mundo. Nos últimos anos, a instituição colaborou com vários artistas e músicos internacionais para expandir o seu conhecimento sobre o uso integral do Agave e um dos principais objetivos é disseminar o conhecimento para dar uma contribuição positiva para o desenvolvimento sustentável.
SOM DO SISAL
Grupo artístico criado em 2012 através de um coletivo de jovens que desenvolveu um laboratório de investigação técnica e sonora da cultura do seu território. Deu-se início a construção de instrumentos musicais com uma madeira de agave sisalana, bastante encontrada na região, e o desenvolvimento de oficinas de música e apresentações artísticas. O projeto nasce no âmbito do Projeto Santo Antônio, uma ação social que desenvolve um trabalho de formação artístico cultural há 11 anos, na cidade de Conceição do Coité, semiárido baiano.
Com uma notória peculiaridade o grupo se diferencia pela sua sonoridade e identidade territorial. Desde então, o grupo tem sido reconhecido através de premiação nacional e estadual, sendo tema de reportagens em TV aberta e diversos sites.
Do som do motor da máquina desfibradora aos acordes da Viola de Sisal – Uma inovação que traz significado e valor simbólico ao território do sisal, onde a economia sempre foi baseada na cultura do sisal. Sustentável, socioeconômica e cultural, a proposta criativa que utiliza os resíduos da cadeia produtiva do sisal e transforma em instrumentos musicais.
Vale lembrar que o Projeto surgiu através da Orquestra Santo Antônio cujos alguns componentes estão inseridos no projeto de construção de instrumentos. Através dos dois projetos já estiveram fora de Coité-Brasil.
2014 – Portugal com o conservatório de música.
2015 – Estados Unidos
2017 – México
2018 – França
CN * Informações do Projeto