O Brasil ficou em 3º lugar geral no ranking total de pontos na 45ª edição da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo, realizada em Kazan, na Rússia. A delegação brasileira conquistou medalhas em 13, das 56 ocupações em disputa. Além disso, ganhou certificados de excelência em 28 ocupações.
Foram duas medalhas de ouro (Desenho Mecânico em CAD e Manutenção de Veículos Pesados), cinco de prata (Computação em Nuvem, Tecnologia da Moda, Tornearia CNC, Engenharia de Moldes para Polímeros e Cuidados de Saúde e Apoio Social) e seis de bronze (Instalações Elétricas Prediais, Segurança Cibernética, Aplicação de Revestimento Cerâmico, Tecnologia de Laboratório Químico, Mecatrônica e Soldagem).
Os resultados foram anunciados nesta terça-feira (27) em uma grande cerimônia em Kazan. A competição reuniu mais de 1.300 jovens de 63 países entre os dias 22 e esta terça-feira (27).
Dos 63 brasileiros na disputa, 56 foram treinados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e sete pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Confira, abaixo, a relação completa dos medalhistas brasileiros.
Coiteense brilhou na Tecnologia de Laboratório Químico.
A baiana de Conceição do Coité, unica do interior do estado, Daniela dos Santos Carneiro, 22 anos, se considera a “retirante” da delegação brasileira que foi para o mundial de profissões, a WorldSkills, na Rússia. A representante do Brasil em Tecnologia de Laboratório Químico já treinou em cidades e espaços diferentes.
A preparação começou no início do ano na própria escola que ela fez o curso de Química, no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Feira de Santana (BA). Depois, a mudaram para uma unidade móvel, que ficava estacionada em frente à escola. Por fim, a competidora foi transferida para Brasília: ela e a unidade móvel da Bahia ficaram instalados na região administrativa do Guará.
No início de maio, Daniela passou a treinar no centro de treinamento do Setor de Indústrias Gráficas (SIG), também na capital federal, espaço que reúne boa parte dos competidores da delegação. Dessa vez, em um laboratório.
O pé na estrada esteve presente nos últimos anos da vida dela. Em 2017, a jovem chegou a frequentar quatro cursos em três cidades baianas ao mesmo tempo. Fazia cursos de Inglês e Matemática, em Conceição do Coité; curso técnico de Química no SENAI de Feira de Santana e curso superior, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. A determinação e a paixão pela química são os elementos propulsores que impulsionam a Daniela a uma rotina que, para muitos, é impossível. Afinal de Conceição do Coité até Feira de Santana são 100 km e de Feira de Santana a Salvador, mais 110 km.
A baiana conta que conquistou uma vaga na UFBA para o curso de Química, mas quando a graduação começou, ela sentiu muitas dificuldades porque não tinha uma base técnica, como alguns colegas de classe, que tinham feito curso técnico integrado ao ensino médio. “Eu pensei: como vou disputar uma vaga com um colega que é técnico, que tem habilidade maior que eu?’ Fui procurar um curso e encontrei o do SENAI de Feira de Santana”.
Na ocasião, a competidora preferiu não contar para a mãe sobre a escolha de trancar a faculdade para fazer um curso técnico, mas para surpresa da estudante, a escolha foi apoiada. A solução encontrada pela jovem foi trancar dois semestres e, no restante, pegar poucas disciplinas na universidade.
“Não era pela minha mãe, era pela sociedade como um todo, que vê uma escadinha: técnico, em sequência, a graduação, nunca o contrário. As pessoas não entendem que são coisas independentes, que se completam. Não é passo atrás, é passo a frente”, analisa.
Quando voltar da Rússia, Daniela pretende retornar a graduação. “No futuro, eu penso em trabalhar na indústria para ter o time de entrega da indústria, ter capacidade de análise também. Também quero ensinar, dar aulas. Eu gosto tanto de química que quero passar para outras pessoas”.
CN | Fonte: Portal da Industria