A comunidade católica do mundo inteiro vive a expectativa da canonização da freira baiana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, ela que será proclamada Santa Dulce dos Pobres no próximo domingo (13), em celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano.
Em vida fez caridade para todos necessitados no Hospital Santo Antônio, no Largo de Roma, em Salvador e de forma natural já era chamada de santa. Uma das caridades marcantes aconteceu a uma família de Conceição do Coité, mas precisamente na fazenda Queimadinha, região do Distrito de Aroeira, isto na década dos anos 1980.
O Calila Notícias foi até o distrito de Aroeira onde reside a dona de casa Maria Creusa, 66 anos, mãe de Adelídeo Gordiano Araújo, na época tinha entre cinco e seis anos, disse não lembrar exatamente a idade do filho que tinha sérios problemas mentais. Ela preferiu não ser fotografada, mas resumiu a história onde contou com o apoio de Irmã Dulce no momento difícil e de muito sofrimento que ela viveu.
Dona Creusa mostrou-se triste ao relembrar da história, pois, Adelídeo foi acolhido por Irmã Dulce após um episódio polêmico, segundo ela, diante da total falta de consciência o filho colocava a própria vida em risco a todo instante, inquieto, ele saía para o matagal, não temia nada, se encontrasse uma cobra, escorpião ou qualquer animal que oferecesse perigo ele não tinha a minima noção e tentava pegar.
“Eu passava o dia inteiro só cuidado dele, era muito difícil, antes de levar a Irmã Dulce fui algumas vezes a Salvador em busca de apoio mas nunca encontrei, precisava trabalhar e me via sempre com o total compromisso de cuidar dele, tinha muito medo de acontecer algum acidente por conta da sua falta de consciência mental”, contou dona Maria Creusa.
O esposo dela um certo dia pensando em preservá-lo resolveu deixá-lo preso em um quarto e na janela da frente, pregou algumas ripas de madeira e na ocasião repercutiu como se a família estivesse mantendo o mesmo em cárcere privado, até que um jornalista esteve na residencia fotografou e publicou em um jornal. “Mas não foi a intenção de manter ele preso, foi a única forma que tínhamos de resguardar a vida dele, tanto que não foi escondido, a gente não o mal travava, alimentava ele direitinho e ficou no quarto da frente e quem passava via ele”, justificou a mãe.
Repercussão negativa para a família, mas chamou a atenção do então vereador do Município de Coité – Valdemi de Assis Silva, (Mitinho) que era também diretor de uma escola na comunidade. Com a reportagem impressa em mãos, Valdemi conta que foi até Irmã Dulce e relatou o caso. ” Irmã Dulce me recebeu, mostrei o jornal e ela me disse apenas, traga ele amanhã e atendi a solicitação dela, peguei um táxi e no dia seguinte levei o menino para ser internado”, contou Mitinho.
Ex-prefeito Diovando Cunha também teve participação importante
A geração de Coité com idade superior a 50 anos sabe da grande afinidade do ex-prefeito Diovando Carneiro Cunha, que faleceu em 1996, com Irmã Dulce, ele era um dos grandes colaboradores das Obras Sociais da freira baiana, Vando foi vereador no mesmo período que Valdemí e chegou a prefeitura em 1993. Vando teve forte atuação na área de saúde tendo levado centenas ou milhares de pessoas para realizações de exames e internamentos nos hospitais de Salvador entre eles o Santo Antônio e sempre levava doações para o hospital principalmente leite para alimentar as pessoas internadas.
Ao tomar conhecimento da situação de dona Maria Creusa abraçou a causa e passou a apoiá-la e por inumeras vezes a levou para visitar o filho. Ela conta que Adelídeo ficou com Irmã Dulce por mais de dois. O garoto faleceu em casa na pre-adolescência por causa natural em consequência dos problemas enfrentados por ele.
Santa Dulce dos Pobres
Dona Maria era evangélica no período que o filho foi acolhido por Irmã Dulce e se mantém firme na sua Assembleia de Deus, e ao ser questionada pelo Calila Notícias como ela encara essa repercussão do mundo inteiro de uma pessoa que ajudou seu filho vai se tornar santa, ela disse que ” a caridade que ela fez, foi ao bem dela (Irma Dulce). O que ela fez está recebendo de Deus, nós como seres humanos não temos como agradecer a ela”.
Creusa disse também que não acompanha muito o noticiário sobre a canonização de Irmã Dulce, ” só vejo dizer que foi uma pessoa boa, assim como foi pra mim, porque o tempo que meu filho ficou lá sempre bem zeladinho, tenho muito que agradecer a ela”, finalizou.