O número de vegetarianos no Brasil quase dobrou desde 2012, segundo uma nova pesquisa feito pelo Ibope em 2019. Atualmente, cerca de 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos. Em Curitiba, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo esse número é ainda mais alto e sobe dois pontos percentuais. Há pouco mais de seis anos, essa porcentagem era de apenas 8%.
A busca por produtos veganos também vem aumentando e mais de 50% dos entrevistados disse que compraria mais produtos como proteína de ervilha, tofu ou seitan se a identificação fosse mais clara, e 60% optaria pelo consumo vegano se o preço fosse equivalente ao que eles costumam pagar. A faixa etária mais propícia a adotar o vegetarianismo é a de pessoas com mais de 55 anos, com um nível de educação abaixo do esperado.
A pesquisa, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) entrevistou pessoas de todas as classes sociais e gêneros, com 16 anos ou mais, em 142 cidades de todas as regiões brasileiras.
Impacto ambiental
Embora os benefícios éticos e de saúde do vegetarianismo sejam inegáveis, a mudança para uma dieta baseada em vegetais também é saudável para o meio ambiente.
Novas pesquisas sugerem que mudar para uma dieta vegetariana pode reduzir a pegada ambiental de um indivíduo mais do que mudar para um carro híbrido. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que cerca de 30% da terra do planeta que não é coberta por gelo é usada direta ou indiretamente na produção de gado.
Na Amazônia, por exemplo, quase 70% das terras florestais foram convertidas em espaço usado principalmente como pastagem de gado. O pastoreio excessivo resultou na perda de biodiversidade e na capacidade produtiva dos ecossistemas, particularmente em regiões áridas.
A boa notícia é que não existem apenas benefícios ambientais e humanitários para um sistema agrícola baseado em vegetais, mas também um benefício econômico. Os alimentos adicionais que seriam produzidos como resultado de uma mudança para uma dieta vegetariana poderiam alimentar 350 milhões de pessoas adicionais.
O valor desse excedente de alimentos também compensaria a perda pela diminuição da produção pecuária. Estudos econômicos mostram que a agricultura animal na maioria das economias ocidentais representa menos de 2% do PIB. Alguns estudos nos EUA sugerem uma redução potencial no PIB de cerca de 1%, mas isso seria compensado pelo crescimento em outros mercados baseados em plantas.
Um estudo publicado na Proceedings da Academia Nacional de Ciências (PNAS), mostrou que se as pessoas continuarem a seguir as principais tendências alimentares baseadas em animais em vez de mudar para uma dieta equilibrada baseada em vegetais, isso pode custar de US$ 197 bilhões e US$ 289 bilhões por ano. As descobertas também determinaram que a economia global deve perder até US$ 1,6 trilhão em 2050.
Os EUA devem economizar mais do que qualquer outro país mudando para uma economia vegetariana devido aos seus altos custos de saúde per capita. Se os americanos simplesmente seguissem as diretrizes recomendadas para uma alimentação saudável, de acordo com o estudo da PNAS, os EUA poderiam economizar US$ 180 bilhões em custos com saúde e US$ 250 bilhões se mudassem para uma economia vegetariana.
Esses são apenas números monetários e nem levam em consideração as estimadas 320.000 vidas salvas por ano como resultado de casos reduzidos de doenças crônicas e obesidade.
Fonte: Unsplash.com