O meio-campista Indio Ramírez se defendeu da acusação de Gerson, do Flamengo. Em vídeo publicado pelo Bahia na noite de segunda-feira (21), o colombiano negou ter sido racista e contou sua versão do ocorrido durante o jogo entre os dois times no último domingo (20), pelo Campeonato Brasileiro.
“Em nenhum fui racista com nenhum dos jogadores, nem com Gerson, nem com qualquer outra pessoa. Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e o Bruno Henrique finge e eu arranco a correr e eu digo a Bruno que” jogue rápido, por favor”, “vamos irmão, jogar sério”. Aí ele joga a bola para trás e Gerson, não sei o que me fala, mas eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei “joga rápido, irmão”. Aí passo por ele e sigo a bola. Não sei o que ele entendeu, o que ouviu. Ele jogou a bola e passou a me perseguir sem eu entender o que passava. Dei a volta por trás porque não queria entrar em briga com ninguém e depois ele sai falando que o tratei com “cale a boca, negro” falando português quando eu realmente não falo português. Estou apenas alguns meses no Brasil e sobre isso de ser racista não estou de acordo, porque isso não é bem visto em nenhuma parte do mundo e sabemos que todos somos iguais e em nenhum momento falei isso e menos ainda usei essa palavra”, afirmou.
Após a vitória do Flamengo sobre o Bahia por 4 a 3 no Maracanã, Gerson deu entrevista ao canal Premiere e acusou Ramírez de ter dito a ele as seguintes palavras durante uma discussão em campo aos sete minutos do segundo tempo, após o Tricolor ter feito seu primeiro gol: “Cala a boca, negro”. Além disso, o jogador do Rubro-negro carioca também criticou a postura do agora ex-técnico do Tricolor, Mano Menezes, por apoiar o ato do colombiano.
“O clima no jogo estava complicado. Foi um jogo bom, eles abriram 2 a 0. Empatamos e tínhamos chances de fazer o terceiro. Se supõe, então, que o jogo fica disputado, com mais chegadas. Ele ficou diferente. Um atacando, outro defendendo. É algo normal. Fica tenso por circunstâncias do jogo. Mas nada de insultos e racismo. Bruno, em um momento, me chamou de “gringo de merda”, mas eu não prestei muita atenção”, continuou o camisa 15 do Esquadrão de Aço.
No dia seguinte, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a abertura de investigação do caso. Mas a questão não ficou restrita apenas no esporte. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio de Janeiro, também abriu um inquérito e Gerson prestará depoimento nesta terça-feira (22), às 10h.
Ramírez, Mano Menezes e o árbitro Flavio Rodrigues de Souza, que apitou a partida, mas relatou na súmula não ter presenciado a injúria racial, também serão intimados a se explicarem presencialmente. Diante da acusação, o Bahia também vai apurar internamente a questão, solicitou as imagens para a TV Globo e a CBF, e afastou o jogador do elenco principal.
“Sou colombiano, criado em Rio Negro, uma cidade perto de Medellín. A minha família sempre me ensinou que somos todos iguais mesmo. Não há ninguém melhor do que o outro mesmo que um tenha mais dinheiro do que outro. Espero que as coisas se esclarecem rapidamente, minha família e eu estamos passando por um momento complicado. Não fui racista em nenhum momento. Vim ao Brasil para jogar e ter um futuro. De coração, espero que tudo se solucione. Desculpa a quem escutou, se o Gerson entendeu mal o que falei. Em nenhum momento falei mal dele e não fui racista”, finalizou Ramírez.