A felicidade ao ser vacinada contra o coronavírus aos 23 anos é algo que Ariela Momesso Espelho Prado, que mora nos Estados Unidos, nunca vai esquecer. Mas, se por um lado há alegria, existe também a preocupação, já que os pais da jovem ainda não foram contemplados nos grupos que estão sendo vacinados no Brasil.
O pai de Ariela, Antônio Carlos Mayoral Momesso, de 62 anos, mora em Sorocaba (SP), cidade onde não há previsão para iniciar a vacinação nessa faixa etária. Por enquanto, a cidade vacina idosos a partir de 68 anos. Antônio faz parte do grupo de risco da doença, pois tem hipertensão e sofreu dois AVCs.
Ariela contou que mora na cidade de Springville, no Condado de Utah, com o marido e as duas filhas. Ela recebeu a primeira dose da Pfizer em 28 de março. O marido dela, também de 23 anos, foi vacinado no dia seguinte.
“Eu sou uma pessoa muito religiosa, então, orei muito para ter essa vacina. Ter essa vacina foi um milagre. Eu estava super ansiosa para receber. Fui a primeira da família a ser vacinada. É triste porque meu pai ainda corre risco”, relata Ariela.
A data de aplicação da segunda dose de Ariela está marcada para o fim de abril. Até lá, a jovem aguarda ansiosa.
Ariela contou que se mudou para Estados Unidos há quatro anos, assim que se casou em 2017. O marido dela, Irineu Neto, trabalha e estuda no país. Ele testou positivo para o coronavírus em setembro de 2020.
Na época, Ariela tinha acabado de dar à luz e precisou cuidar das duas filhas — uma de dois anos e outra de apenas um mês.
“Meu marido ficava arrasado. Minha filhinha chamava ele, era uma tristeza ficar longe. Foi muito difícil, eu não tenho minha família aqui, e mesmo se tivesse, eu não poderia ter alguém em casa”, conta.
Para Ariela, a vacina veio como uma “luz no fim do túnel”, porque ela sempre teve medo de testar positivo para a doença. Por causa do distanciamento da pandemia e cancelamento de viagens, ela e o marido precisaram adiar os planos de viajar para o Brasil para visitar as famílias, que não veem desde janeiro de 2020.
“Nós íamos, neste ano, passar um mês ou dois meses com a família, mas cancelamos. Toda semana a gente conversa. Minha filha nasceu e ninguém conheceu ela ainda. Todo mundo até chora no telefone.”
Outras duas irmãs de Ariela moram na Espanha e também não foram vacinadas até o momento.
‘Medo e prevenção
Pai da jovem, Antônio Carlos Mayoral Momesso é comerciante e irá completar 63 anos em agosto deste ano. Ele contou ao G1 que sempre buscou tomar todos os cuidados de prevenção à Covid-19. Em 2021, precisou voltar ao trabalho.
“A gente fica com aquele medo de sair, de trabalhar. Sai com medo e volta com medo. Voltei a trabalhar por necessidade mesmo, fui obrigado a voltar porque não tem como a gente se manter”, explica Antônio.
O pai da jovem diz que está ansioso para ser vacinado por causa da idade e dos problemas de saúde.
“Eu faço a minha parte, mas tem bastante gente que não faz. Isso o que dói na gente. A maioria é jovem que sai e aproveita para fazer festinha.”
Nos Estados Unidos, segundo Ariela, a situação não é diferente. A jovem conta que muitas pessoas ainda descumprem as medidas de isolamento social ou não usam máscaras.
“Eu acho que está faltando mais empatia. Sempre debati isso. Não tem problema ter que sair trabalhar, tudo bem, mas é preciso ter cuidado. Isso [que estão fazendo] é não amar o próximo. Ainda estamos no meio de uma pandemia, as pessoas precisam entender”, afirma Ariela.
Vacinação
Os Estados Unidos aplicaram mais de 165 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 até o dia 4 de abril e distribuíram quase 208 milhões, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
No Brasil, até esta segunda-feira (5) 20.023.132 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, segundo o consórcio de veículos de imprensa. O número representa 9,46% da população brasileira. No total, 25.619.061 doses foram aplicadas em todo o país.
Fonte: G1