A garantia de emissão da Carteira Nacional de Identificação das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea) na Bahia foi um dos assuntos abordados pelo deputado estadual Laerte do Vando (PSC) durante encontro recente com pais e militantes da causa. Preocupado com os desafios enfrentados pelos autistas e suas famílias, o parlamentar busca caminhos para a efetivação dos direitos das pessoas com o transtorno no estado.
No decorrer do encontro, Sherla e Ismael Santos, pais de uma criança autista de 4 anos, defenderam a implantação da Análise Comportamental Aplicada (ABA) – técnica utilizada nas escolas americanas cujos resultados têm gerado respostas positivas no desenvolvimento dos autistas. No Brasil, o transtorno ainda é mais focado no âmbito da saúde pública.
“Sugerimos a criação de um projeto de lei que obrigue o Poder Executivo a contratar psicólogos com especialidade em ABA para elaborarem um currículo personalizado para os autistas”, pontuou Sherla.
Outro quesito abordado foi a dificuldade de acesso ao atendimento especializado. Estima-se que há 127 mil pessoas com TEA na Bahia. Apesar do número elevado, o estado conta apenas com um centro de referência (CRE-TEA), localizado em Salvador, para tratar os pacientes e seus cuidadores.
“A maioria dos atendimentos que conseguimos para essas crianças depende, exclusivamente, do apoio de amigos que abraçam a causa”, lamentou o músico Jaiminho Dias, que auxilia 400 mães de autistas em Salvador, ao falar sobre a necessidade de ampliação da prestação do serviço público na capital e no interior.
Natural de Quijingue, Sandra Araújo é mãe um de autista e criou o grupo Mães de Anjos Autistas para orientar outras famílias na cidade, que fica a 341 Km de Salvador. Para ela, a falta de unidades especializadas atrapalha no diagnóstico precoce e no acolhimento dos cuidadores que, na maioria das vezes, são pegos de surpresa e não sabem como lidar com a situação.
“Muitas mães não aceitam o diagnóstico, vivem um luto eterno, e isso acaba dificultando a busca por ajuda. É preciso criar unidades estratégicas para acolher os familiares e pacientes em todas as fases da vida”, frisou.
Também participaram as militantes: Josileide Oliveira, Ane Macedo, Ana, Renata e o vereador de Quijingue, Felismar Gonçalves (PL), que defende a bandeira do autismo e votou a favor do projeto de lei que tornou possível a inclusão do símbolo do autismo nas placas preferenciais dos estabelecimentos no município. A lei é válida no Brasil, mas para entrar em vigor depende da sanção do prefeito de cada cidade.
“Nós já temos muitas leis que garantem os direitos dessas pessoas. O que falta, realmente, é o cumprimento dessas prerrogativas. Estarei em contato com o governador e com o prefeito Bruno Reis para que possamos encontrar caminhos a fim de amparar essas famílias”, garantiu o parlamentar.
Autismo é um transtorno que atinge o neurodesenvolvimento do indivíduo, comprometendo a linguagem e a interação social. A origem do transtorno está relacionada a multifatores, incluindo alterações genéticas e influências ambientais. O tratamento requer o acompanhamento com equipe multidisciplinar.
Fonte: Assessoria Parlamentar