O quilombo Baixinha, situado próximo da BA 084 e do distrito Bento Simões, 7 km distante da cidade de Irará, no território Portal do Sertão, uma comunidade muito rica em relação a costumes e tradições africanas reconhecida em fevereiro de 2011 como quilombo. Há 26 anos, a Associação Rural da Baixinha, vem promovendo ações para o desenvolvimento do quilombo, tendo dentre suas principais vertentes, a cultural, socioeconômico e o empreendedorismo negro e dentre as conquistas efetivadas, estão a fortalecimento indenitário.
Moram na comunidade 300 famílias, aproximadamente 1000 pessoas e na sua maioria sobrevive da produção e venda da farinha de mandioca e seus derivados, plantio do milho, feijão, andu e feijão de corda.
Segundo um dos líderes da comunidade, Edvan Almeida, 36 anos, técnico em Agropecuária, e diretor financeiro da Associação Rural da Baixinha, o povoado surgiu há aproximadamente 200 anos, onde, a partir da supressão da floresta nativa para implantação de lavouras e criações, as primeiras famílias foram habitando o local.
Comunidade vive com um problema muito grande e busca solução urgente
Edivan Almeida.relatou ao CN que a comunidade vem passando por um problema muito grande com o sistema de abastecimento de água que é ofertado por um poço artesiano perfurado pela CERB na própria localidade e o sistema não supre as necessidades da comunidade. “Leva mais de 30 dias para água cair nas torneiras, atualmente o sistema abastece, além da Baixinha, Dendê, Rato, Granja, Leão, Baixinha/fazendinha no total de 300 famílias, na comunidade do Candeal Moura mais 205 e nas comunidades do Juazeiro 150 famílias, sendo assim, o abastecimento de água do poço do território quilombola da Baixinha abastecem 655 famílias”, concluiu Edvan.
O vereador Joelson Dantas (PSB), que é natural da comunidade, disse que vazão inicial do poço quando foi perfurado há uma década era de 12.500 litros /horas e hoje não chega a 10.000 litros/horas. O vereador mostrou ao CN documentos que protocolou na Câmara e disse que já tratou deste assunto na tribuna. “Estamos empenhados nesta luta, é desafio, vamos trabalhar até resolver, pois sabemos com os moradores daquelas comunidades estão sofrendo”, falou o Socialista. O vereador disse também que vem contando com o apoio do mandado do deputado Alex da Piatã e tem uma audiência marcada com CERB para ampliar a discussão.
Veja pesquisa realizada sobre o abastecimento na região
A CERB disse que recentemente houve uma intervenção no sistema, mas trabalhar no sentido de melhorar cada vez mais para atender a demanda da população.
Origem do problema – A secretária da Associação Rural da Baixinha e estudante em Educação do Campo com habilitação em matemática pela UFRB, Camila da Hora Santos de Carvalho, voltou a lembrar que na Baixinha a maioria das famílias são carentes, de baixa renda e sobrevive da agricultura familiar e o auxilio do bolsa família. “Contudo, o problema considerado por todos como o principal, é a falta de água. A água que é um elemento crucial em qualquer ambiente, que ganha ainda mais importância quando analisamos sua necessidade em uma comunidade que tem como principal fonte de trabalho a agricultura, se faz ausente na Baixinha”, destacou Camila.
Analisando a origem desse problema, Camila destacou alguns pontos que favorecem a existência de tal problema representado numa árvore.
Primeiramente, as condições climáticas da região já não favorece essa grande abundância de chuvas de forma regular, combinado a isso os desmatamento ao longo das décadas anteriores influenciaram ainda mais no clima seco. Em segundo lugar, mesmo com essa dificuldade natural, foi construído na comunidade um poço artesiano, que de início supria a necessidade da Baixinha e de algumas localidades adjacentes, porém, os órgãos públicos responsáveis decidiram ampliar a área de distribuição de água desse poço para outras comunidades, o que acabou por sobrecarregar o sistema de distribuição e impossibilitando a distribuição regular.
“Hoje a comunidade da Baixinha, passa até semanas sem água proveniente do poço. A falta de água acaba sendo portanto o principal problema da comunidade, e com esse deficit acarreta várias outras consequências, sendo assim utilizamos da ferramenta, árvore dos problemas, para representar toda essa situação, desde suas origens (raízes) até suas conseqüências”, falou a líder da comunidade.
“Essa dificuldade acaba atraindo diversas outras situações, como o sistema que abastece a comunidade é estendido para diversas outras comunidades próximas da região, a água cai para cada localidade de 30 em 30 dias ou mais, a depender do tempo pra completar o abastecimento total de cada local e as vezes chega a ficar sem cair água até 45 dias. Com isso, a família que não tem condições de ter muitos reservatórios, sendo de baixa renda acaba tendo que comprar água para o próprio uso, levando em conta que água é essencial para tudo o que fazemos no dia – a dia, não podemos ficar sem”, concluiu Camila, que também é microempreendedor individual e formada em administração.