Ao conceder uma entrevista exclusiva ao jornalista Josevaldo Campos, de Retratos e Fatos, Ronny Britto fez declarações polêmicas e afirmou que a cidade não tem dado o valor devido para preservar a memória dos seis integrantes da Faneob que morreram no acidente, em 2018. “A fanfarra de Euclides da Cunha fez história e isso tem que ser lembrado. Eu não percebo que a fanfarra está sendo lembrada. Os meninos morreram por morrer. Ninguém lembra deles. Só choraram, entendeu? Fizemos nada, construímos nada. Que cultura é essa? Que empatia é essa? ”, questiona.
Segundo ele, outros municípios, como Salvador e Biritinga, construíram um memorial para homenagear os euclidenses. “Euclides não tem um memorial em homenagem. Não tem. Tudo lindo, a fanfarra voltou, mas não é só isso, existe o sentimento, existe esse valor. Não é dizer morreu, foi embora, não pode ser lembrado; pode, sim. Valorizado enquanto vida e enquanto morte”, defende Britto.
Nós questionamos a ele a quem caberia essa responsabilidade e quem estava deixando a desejar nesse ponto. “Ah, todo mundo. Eu estou deixando, você, a comunidade toda, o poder público, o Educandário Oliveira Brito [colégio responsável pela fanfarra]. Os meninos têm que ter um canto para que as pessoas lembrem deles sempre. Aqui tem que ter um memorial deles, entendeu? Tem que ter um memorial. A Câmara Municipal, um projeto junto com o poder público, das pessoas lembrarem que eles existiram. Eu acredito, assim, que poderia dar uma ênfase maior aos meninos que se foram, porque eles fizeram história. Eles têm história dentro da cidade”, afirma.
Em 2018, quando aconteceu o acidente com a banda, Ronny já tinha mais de 30 anos que acompanhava o grupo, antes mesmo da formação dele enquanto fanfarra. Segundo ele, a Faneob nunca mais será a mesma. “Ela pode tocar, pode passar, mas sempre vai estar aquelas feridas ali e abertas, que são os meninos”.
Como consequência do acidente, Ronny ainda faz acompanhamento fisioterápico e psicológico, e trava uma luta diária para se adaptar às suas novas condições físicas. Ele teve uma perna amputada, além de ter passado por várias outras cirurgias delicadas. Sobre o memorial em Euclides da Cunha, ele finaliza. “Mas nunca é tarde. Nunca é tarde”.
Por: Josevaldo Campos/Retratos e Fatos
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