A falta de consenso para a formação da chapa ameaça a manutenção da coalizão liderada pelo PT na Bahia. Diante do impasse, o senador Jaques Wagner tem considerado a hipótese de não concorrer ao governo estadual. Os possíveis cenários para a eleição local foram discutidos em uma reunião nesta terça-feira com o ex-presidente Lula, em São Paulo.
Uma solução em estudo é a de o senador Otto Alencar (PSD) disputar o governo estadual e o atual governador Rui Costa (PT) concorrer ao Senado. Além de tentar resolver o impasse local, essa configuração também sinalizaria no plano nacional um aceno do PT ao PSD.Os petistas sonham em atrair o partido presidido por Gilberto Kassab para a aliança em torno de Lula.
O problema é que o PP, partido aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) no plano nacional mas que faz parte do governo petista na Bahia, não aceita integrar uma aliança liderada pelo PSD.
Ao sair da conversa com Lula, que teve também a participação de Otto e Costa, Wagner afirmou que continua como candidato.
“Serei candidato” declarou, sem se estender nos possíveis caminhos para solucionar o impasse.
Disse também que Otto e o atual vice-governador João Leão (PP) querem concorrer ao Senado.
Otto Alencar é um dos principais aliados de Lula dentro do PSD. Na semana passada, Kassab afirmou que não poderia descartar um apoio ao petista ainda no primeiro turno porque lideranças, como o senador baiano, defendem esse caminho. Otto foi ainda um dos poucos políticos de partidos de centro a se colocar contra o impeachment de Dilma Rousseff.
Wagner ainda tem quatro anos de mandato como senador. Se não for candidato, ele pode integrar a coordenação da campanha presidencial de Lula e ter um posto de destaque no eventual governo do petista.
O PT governa a Bahia há 16 anos. Foram dois mandatos de Wagner e dois de Costa. O principal adversário do partido na eleição baiana deste ano será o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), apontado pelas pesquisas como favorito.
Otto Alencar foi aliado de Antonio Carlos Magalhães, o avô de ACM Neto, e só se afastou do carlismo quando ocupou o posto de vice no segundo mandato de Jaques Wagner como governador (2011-2014).
O Globo