Ser dono do seu próprio carro não é tarefa simples. Em primeiro lugar, é preciso contar com o dinheiro disponível para poder comprar ele, ou ter as condições para ser admitido na contratação de um crédito, e assim poder ir pagando o veículo em parcelas. Só que isso apenas é o começo; depois da compra, a pessoa precisa fazer frente aos custos de manutenção, orçamento mensal de combustível, impostos e escolher entre os diversos tipos de seguros veiculares para ficar protegido sem ter que pagar uma doidice.
Mesmo que pareça esquisito, isso não é assim em todo o mundo, ou pelo menos não do jeito que é no Brasil. Todo mundo já ouviu histórias de amigos se mudando para o exterior e comprando o seu primeiro carro apenas semanas depois de ter chegado. Lamentavelmente, aqui está ficando cada vez mais difícil.
Por uma parte, o valor dos modelos, especialmente no caso dos 0km tem registrado aumentos históricos desde a chegada da pandemia que agravou a crise dos chips (aparelinhos que fazem parte do sistema eletrônico dos carros e que estão mundialmente em falta). Por causa da alta demanda e da baixa na oferta, a média na variação de preços nos carros mais vendidos em 2021 foi de 25,4% se comparados os valores registrados em janeiro do ano passado com o mesmo mês deste ano. Alguns modelos mostram alterações ainda maiores, de até 35% no seu preço, como no caso dos Hyundai Creta e Fiat Mobi.
No entanto, um fator que também está gerando barulho nos orçamentos familiares são os gastos e despesas originados pelo carro após a compra dele. Segundo um informe do Instituto Ibmec, os custos de manutenção dos veículos dobraram em sete anos e, em alguns casos, eles chegam até superar o dinheiro destinado a aspectos tão fundamentais quanto à educação dos filhos.
Por que a manutenção do carro ficou mais cara?
São muitos os elementos a serem analisados para entender o fenômeno. Como protagonista, é claro, aparecem os gastos de combustível que não para de subir e que, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural Biocombustíveis (ANP) pode chegar a quase R$8.
Além disso, é importante considerar a influência dos impostos, do pagamento do IPVA, da vistoria e do orçamento destinado ao estacionamento, principalmente nas grandes cidades onde a criminalidade é alta e não é seguro deixar o carro na rua.
Os seguros de carro, obrigatórios para circular no Brasil todo, também têm ficado mais caros, impulsionados principalmente pela alta nos preços dos carros, tanto usados quanto novos, uma vez que as apólices são calculadas a partir de um percentual do valor dos veículos. Como publicado na Tabela Fipe, o reajuste nos preços foi de até 30%.
Para ter uma ideia concreta da verdadeira incidência dos gastos, um professor de contabilidade do Ibmec, Paulo Henrique Pêgas, fez o cálculo aproximado considerando todos os fatores. Assim, mostrou que a manutenção de um carro popular usado, como pode ser um Gol modelo 2016, significa o pagamento de R$14,5 mil por ano, ou R$1.210 mensais: o equivalente a quase um salário mínimo.
Da redação