O bilionário russo Roman Abramovich, dono do Chelsea, confirmou nesta quarta-feira, 02, que venderá o clube inglês após anunciar no último sábado que cederia o comando do clube. A decisão se dá pelo aumento da tensão com a guerra da Rússia com a Ucrânia e da reação internacional contra a ofensiva militar. Abramovich é amigo de longa data do presidente russo Vladimir Putin. O dono do Chelsea disse em nota publicada no site oficial do clube que “instruiu a sua equipe para criar uma fundação de caridade em que todos os lucros da venda serão doados às vítimas da guerra na Ucrânia”.
Na terça-feira, o clima tenso chegou até a afetar o técnico do time, Thomas Tuchel, visivelmente incomodado em entrevista coletiva, quando ouviu jornalistas fazerem perguntas sobre a invasão russa. O alemão se mostrou impaciente e pediu aos profissionais de imprensa que parassem de fazer esse tipo de questionamento.
“Escutem, vocês têm de parar. Eu não sou político. Eu só posso me repetir, e me sinto mal em repetir porque eu nunca vivi uma guerra. Sou privilegiado. Eu sento aqui e faço o melhor que posso, mas vocês precisam parar com essas perguntas. Não tenho respostas para vocês”, respondeu Tuchel quando um jornalista tentou perguntar sobre o assunto. Antes, já havia respondido outras questões parecidas, visivelmente desconfortável.
A Rússia tem sofrido com sanções esportivas após a invasão militar à vizinha Ucrânia. No futebol, a Uefa retirou a final da Liga dos Campeões da Europa 2021/2022 de São Petersburgo. O evento agora será realizado em Paris. Em seguida, vieram punições sobre as seleções e clubes russos. A Fifa proibiu a seleção russa de competir sob sua bandeira, executar o hino e excluiu o país das Eliminatórias para a Copa do Mundo. A decisão foi seguida pela Uefa, que excluiu o Spartak Moscou da Liga Europa e retirou a seleção feminina da Eurocopa. Outros esportes também atuaram com punições aos russos.
Confira a nota oficial de Roman Abramovich, dono do Chelsea:
Gostaria de abordar a especulação na imprensa nos últimos dias em relação à minha propriedade do Chelsea FC. Como já disse antes, sempre tomei decisões com o melhor interesse do Clube em mente. Na situação atual, tomei, portanto, a decisão de vender o Clube, pois acredito que seja do interesse do Clube, dos adeptos, dos colaboradores, bem como dos patrocinadores e parceiros do Clube.
A venda do Clube não será acelerada, mas seguirá o devido processo. Eu não vou pedir o reembolso de nenhum empréstimo. Isso nunca foi sobre negócios ou dinheiro para mim, mas sobre pura paixão pelo jogo e pelo clube. Além disso, instruí minha equipe a criar uma fundação de caridade onde todos os lucros líquidos da venda serão doados. A fundação será para o benefício de todas as vítimas da guerra na Ucrânia. Isso inclui fornecer fundos essenciais para as necessidades urgentes e imediatas das vítimas, bem como apoiar o trabalho de recuperação de longo prazo.
Por favor, saibam que esta foi uma decisão incrivelmente difícil de tomar, e me dói me separar do Clube dessa maneira. No entanto, acredito que isso seja do melhor interesse do clube.
Espero poder visitar Stamford Bridge uma última vez para me despedir de todos vocês pessoalmente. Foi um privilégio de uma vida fazer parte do Chelsea FC e estou orgulhoso de todas as nossas conquistas conjuntas. O Chelsea Football Club e seus torcedores estarão sempre em meu coração.
Obrigado,
Roman.
Fonte: Correio