Um encontro pautado no diálogo, na representatividade e na resistência, mas também marcado pela música, dança típica e identidade cultural. Assim foi o “Ato Público em homenagem ao Dia Estadual da Etnia dos Povos Ciganos”, sediado na Assembleia Legislativa da Bahia nesta quinta-feira (26).
Proposto pelo líder do Partido dos Trabalhadores na Casa, deputado Osni Cardoso (PT), o encontro aconteceu no auditório Jorge Calmon, e reuniu lideranças importantes da comunidade cigana na Bahia, além de representantes de órgãos estaduais.
Instituído no Brasil pelo presidente Lula em 2006, o Dia do Cigano foi comemorado pela primeira vez no país no dia 24 de maio de 2007, quando o governo brasileiro, através da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), lançou um carimbo e um selo pelos Correios em homenagem à contribuição que os ciganos deram como facilitadores da comunicação.
Autor do Projeto de Lei nº 24.291/2021, que instituiu o Dia da Etnia dos Povos Ciganos na Bahia em 24 de maio, em consonância com o Dia Nacional do Povo Cigano, o deputado Osni Cardoso explicou que a ideia do evento é propor um lugar de fala à comunidade cigana e, ao mesmo tempo, dar visibilidade a este segmento, fazendo com que a população baiana conheça um pouco mais a cultura e a importância deles na história do país.
“Queremos mostrar para a Bahia a cultura desse povo tão importante para a nossa Terra, como vivem, quais os desafios e dificuldades que eles enfrentam diariamente e, sobretudo, a importância deles para a nossa economia. O povo cigano merece respeito e reconhecimento, porque são cidadãos como qualquer um de nós. São homens e mulheres que tanto contribuíram não só para a história, mas também para a identidade do povo brasileiro”, reforçou o líder petista.
“O negacionismo” do Governo Federal e a ausência de acesso à políticas públicas sociais, econômicas ou de saúde voltadas aos povos ciganos no Brasil foi pontuado na fala de Osni. O deputado lamentou o que chama de total descaso e descompromisso do presidente Bolsonaro com o segmento, e afirmou que o Chefe do Executivo nega qualquer povo e etnia. “Estamos vivendo um cenário muito difícil da história do Brasil com um presidente que afirma que negros e quilombolas são pesados por arrobas, e condenar qualquer povo e etnia já está na prática corriqueira do seu governo. Isso representa a raiz da maldade crescendo no seio da sociedade brasileira e nós não podemos tratar isto como brincadeira”, alertou Osni.
A secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, classificou a celebração do 24 de Maio como uma conquista importante para o país, sobretudo para a Bahia, uma vez que resgata a resistência dos povos ciganos e possibilita o debate da diversidade étnica no âmbito do Estado.
“Quero agradecer a iniciativa do mandato do deputado Osni por nos possibilitar à chegada na Assembleia Legislativa, instituição de representação do povo baiano, para que a gente pudesse visibilizar toda a resistência e contribuição dos povos ciganos para a Bahia. Nós somos um país pluriétnico e que temos, portanto, os povos originários, os povos indígenas, os povos de terreiros, os povos ciganos, e nesse dia de hoje a gente quer visibilizar e falar do enfrentamento ao racismo, às discriminações e preconceitos que acometem estes segmentos”, pontuou a secretária da Sepromi.
O vereador de Ribeira do Pombal, Ataide Cigano, frisou as dificuldades e desafios enfrentados pela comunidade cigana na Bahia. Segundo ele, apesar de existirem ciganos com boas condições de vida no Estado, há uma grande parcela deste povo vivendo em dificuldade. “Precisamos igualar o nosso povo, e esse evento aqui hoje possibilita ocuparmos um espaço de poder para trazer a nossa luta até a sociedade”, disse o vereador.