O aeroporto de Salvador foi tomado por vermelho e preto. Torcedores do Vitória de todas as idades lotaram o saguão de desembarque para recepcionar o clube do coração após a conquista do acesso à Série B do Brasileiro.
Instrumentos de percussão ditavam o ritmo da galera, que se aglomerava formando um corredor humano. Cada cântico aumentava a ansiedade pela passagem dos ídolos. “Eu já subi, negô!” e “Vitória meu amor” fizeram parte do repertório.
De olhos fechados, o auxiliar administrativo Benício Araújo, 25 anos, exigia dos pulmões e se concentrava na emoção do momento. “Depois de tudo que a gente passou, não teria outro lugar para estar agora, só aqui mesmo, apoiando o Vitória”, vibrou.
No cangote do pai, Yacco tinha visão privilegiada da paixão que herdou. “O sangue da família é rubro-negro e ele tem que dar continuidade”, afirmou o empilhadeiro Carlos Ferreira, 27 anos, para explicar o que o motivou a levar o filho de cinco anos para a muvuca.
Unidos, os dois viram a delegação do Vitória voltar para Salvador após o empate em 1×1 com o Paysandu, sábado (24), no estádio da Curuzu, em Belém, na última rodada do quadrangular da Série C. O resultado foi suficiente para garantir o acesso porque o Figueirense também empatou com o ABC, no Orlando Scarpelli, em Florianópolis.
Ao som de “Solta o Leão”, o elenco rubro-negro apareceu para a galera. O sorriso, brilho nos olhos e viração de cada jogador deixavam claro que a emoção era recíproca. A ponto de deixar sem ação até os mais decisivos diante dos adversários. “É inexplicável, não tenho palavras”, resumiu o artilheiro Rafinha, dono de oito gols na competição.
“Que atmosfera absurda, nossa torcida é surreal. É muita felicidade”, disse o capitão Alan Santos, que viajou com a delegação mesmo suspenso e sem poder atuar contra o Paysandu. “Eu tô feliz demais, voltei ao Vitória para isso. Agora vamos curtir”, vibrou Santiago Tréllez.
Quarto técnico a passar pelo Vitória na temporada, João Burse foi um dos grandes responsáveis pela reabilitação no campeonato. Não à toa, ele foi muito festejado pela torcida. Ouviu o nome ser entoado e deu autógrafos mesmo em meio a empurrões. “É alegria demais, muito bom. Só tenho gratidão”, afirmou o treinador.
Visivelmente emocionado, o goleiro Dalton parecia não acreditar na recepção que o aguardava. “A gente não fazia nem ideia do que nos esperava. Eu nunca vivi isso. É um momento maravilhoso e eu só quero desfrutar ao máximo. Agora é só receber essa energia da galera”, disse, antes de entrar no meio da multidão e ouvir o nome ser cantado alto.
Os jogadores passaram pelo meio da galera e seguiram para o ônibus. Muitos deles, a exemplo de Eduardo e Alan Santos, subiram no teto do veículo para continuar a festa. Sinalizadores vermelhos e bandeiras ganharam espaço até o motorista pegar a pista e seguir para o Barradão, onde a festa continuaria com mini trio elétrico, pagodão e cerveja.